"Sou o teu anjo da guarda".

Eu sei. Sempre acreditei no meu anjo da guarda. Ou anjos, para ser mais exacto. Porque sempre acreditei naqueles que estão atentos ao que vou fazendo, ao que vou dizendo, ao que vou escrevendo, ao que vou revelando, inadvertidamente ou não, e me dão o toque, quase sempre de forma discreta, de olhos nos olhos, e me puxam de volta para o trilho certo.

"Estás sempre no teu centro"

Recordo-me do choque que senti quando o ouvi a primeira vez. Calmamente, serenamente, magoadamente, disse-mo como se me estivesse a proclamar uma qualquer evidência por mim sabida há muito. Não o sabia na altura, há quase trinta anos! E doeu-me. Não o ouvia há algum tempo. Há demasiado tempo! Tinha-o esquecido. E não me doeu menos!

"Tens que cuidar daqueles que amas. E que te amam."

É quando percebo melhor que falhei. Em toda a linha. Sem qualquer sombra de dúvida. É quando dói mais, é quando me apercebo que tudo o que tinha sido dito antes tinha uma raiz profunda, real, efectiva. É quando sei que tenho mesmo que parar, que baralhar e voltar a dar, que tenho andado numa outra realidade, demasiado desfasada com a realidade dos outros, Dos que valem a pena. Daqueles de quem é suposto que eu cuide.

"Sem querer, dá um passo em falso e mergulha no abismo. Os fantasmas assustam-no, a solidão atormenta-o. Como sempre procurou o bom combate, não pensava que isto acontecesse com ele. Mas aconteceu. Envolto na escuridão, comunica com o seu mestre.
“Mestre, caí no abismo. As águas são fundas e escuras.” 
“Lembra-te: o que afoga alguém não é o mergulho, mas o fato de permanecer debaixo de água.” 

Isto não foi dito. Foi lido. Hoje mesmo. Quando andava à procura, mais uma vez à procura.

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