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A mostrar mensagens de janeiro, 2022
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- Como é que fazes com que o barco não caia? - Sonho com muita força. A força de vontade segura-nos. - E como é que é possível fazer com que o céu seja mar? - Cada um escolhe onde quer navegar. In lado.a.lado (https://www.facebook.com/coisasdavida.vidadascoisas) Levei (?, levo?) muito tempo a aceitar-me e ao meu percurso de vida.  Quando percorro a minha história, raramente as coisas são claras. Acontece-me frequentemente - ou acontecia-me, porque deixei de o fazer - provocar olhares duvidosos quando partilho memórias de infância com os meus pais ou os meus irmãos. Eu, que considero ter uma memória prodigiosamente pormenorizada no que a momentos marcantes da minha infância diz respeito - no que se refere a outros acontecimentos porventura menos significativos é um desastre - chego a duvidar se aqueles cheiros, aqueles momentos, aquelas sensações aconteceram mesmo ou foram produzidos algures por entre as imensas e precoces leituras e uma capacidade (necessidade?) de sonhar que, ainda ho
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  Numa das minhas atividades dos DRs uma das questões que um jogo colocava era "para mim, amar é...". Era a questão que eles mais temiam porque, por um lado, nunca tinham pensado a sério nisso e, por outro, se o tivessem pensado, ficavam algo inibidos de o dizer em voz alta. Naturalmente, as questões que iam sendo sorteadas não eram apenas colocadas aos alunos, eram também colocadas a mim próprio, que sempre gostei mais do processo de abertura que envolve as perguntas que do fechamento aparente das respostas. E esta, inevitavelmente, é daquelas que mais me inquietam desde sempre.  Eu dizia aos miúdos que amar tem muito pouco a haver com gostar, mesmo o gostar muito. E depois explicava-lhes que, nas nossas atividades juntos dos sem-abrigo (não gosto do eufemismo dos "amigos de rua"), ou do Raiz, não precisamos de gostar deles para os amarmos. Sim, o que fazemos é por amor, ainda que não os conheçamos e, mais importante ainda, ainda que, conhecendo-os, não gostemos na
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  Tenho o verdadeiro privilégio de andar a discutir o Sínodo em vários fóruns. Eu levo estas coisas muito a sério. Como católico, claro, mas sobretudo como pai e educador católico. Durante anos, ao falar da Igreja, dizia a quem me quisesse ouvir que vivemos tempos entusiasmantes na Igreja. Depois do balde de água fria do pós Concílio Vaticano II, em que, quase sempre por impreparação e excesso de reverencia, permitimos que ficasse quase tudo mais ou menos na mesma, temos agora uma oportunidade de retomar o caminho, porventura de uma forma mais aguerrida, mais consciente, de uma Igreja mais próxima do Evangelho.  Eu amo esta Igreja. Sim, esta mesma, a católica apostólica e romana cujo credo rezamos ao domingo. Amo-a, pertenço-lhe de cabeça erguida, com toda a consciência  das suas / nossas falhas e pecados e fragilidades. Sim, eu conheço bem a história da Igreja e a dos homens e sei que cometemos horrores, que condenamos pessoas e que fomos / somos uma muitíssimo pálida imagem de Jesus
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    Shikata ga nai: a antiga sabedoria japonesa de deixar as coisas acontecerem como elas acontecem Gosto imenso quando a vida vem ter comigo. Todos os dias percorro leituras muito dispersas, na sua origem e formato, nas suas temáticas, no mundo muito particular que cada leitura - sobretudo se bem escrita - transporta consigo. Imensas vezes, fruto da idade e da profusão das leituras, daí não me vem grande novidade. Apesar de aproveitar um pouco aqui e acolá como uma ave que debica sementes num parque - sim, eu sei que migalhinhas é pão, mas eu sou um homem de sustento - vai sendo cada vez menos comum encontrar algo que se me ajuste, em cada circunstância, como um fato de alta costura. Mas às vezes, quando os astros se alinham - ou quando eu mais preciso que eles se alinhem - acontece. E hoje aconteceu.  Gosto da ideia de deixar a vida fluir, como se de um rio se tratasse, e nele mergulhássemos, de corpo inteiro. Gosto da ideia de haver um antes e um depois de cada um de nós, de sermos
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  "Deixa que o toque do amor de Deus transforme o teu emprego em missão. A que lugar, a que realidades, está Deus a chamar-te?" Quem faz o que eu faço com quem eu faço para quem o fazemos só o pode fazer com espírito de missão. Claro que tudo pode ser feito com funcionarismo - desligado de quem somos - mas quando isso acontece - e acontece algumas vezes - algo se perde pelo caminho. E não é pouco! A verdade é que servir não me é natural. Normalmente não acordo e me pergunto, alegremente, "ora, quem é que vou servir hoje?". Enquanto preparo mentalmente o meu dia penso na quantidade das tarefas que tenho para cumprir, nas pessoas que estão sob minha responsabilidade, na maneira de organizar o meu dia por forma a levar a bom termo tudo aquilo que me é pedido. Pelo menos comigo, o instinto primeiro é o do funcionalismo, o da operacionalização.  Mas rezo. Todas as manhãs, rezo. Todos os dias, rezo. A cada momento, rezo. E rezar sintoniza-me, coloca-me numa outra dimensão