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A mostrar mensagens de abril, 2015
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"Sou o teu anjo da guarda". Eu sei. Sempre acreditei no meu anjo da guarda. Ou anjos, para ser mais exacto. Porque sempre acreditei naqueles que estão atentos ao que vou fazendo, ao que vou dizendo, ao que vou escrevendo, ao que vou revelando, inadvertidamente ou não, e me dão o toque, quase sempre de forma discreta, de olhos nos olhos, e me puxam de volta para o trilho certo. "Estás sempre no teu centro" Recordo-me do choque que senti quando o ouvi a primeira vez. Calmamente, serenamente, magoadamente, disse-mo como se me estivesse a proclamar uma qualquer evidência por mim sabida há muito. Não o sabia na altura, há quase trinta anos! E doeu-me. Não o ouvia há algum tempo. Há demasiado tempo! Tinha-o esquecido. E não me doeu menos! "Tens que cuidar daqueles que amas. E que te amam." É quando percebo melhor que falhei. Em toda a linha. Sem qualquer sombra de dúvida. É quando dói mais, é quando me apercebo que tudo o que tinha sido dito antes
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"A minha vida é muito má, os meus irmãos estão na cadeia e tenho muitas saudades deles" Enquanto me dizia isto, chorava compulsivamente, pela terceira vez esta semana. Tínhamos ambos ido para o recato do gabinete depois de ela andar, mais uma vez, à pancada dentro da sala. Agarrei-me a ela, todo partido por dentro, e disse-lhe que ali todos gostamos muito dela e que a queremos lá, junto de nós, e que ela pode contar sempre connosco. Abraçou-me e, lentamente, os soluços foram serenando, e pouco tempo depois já me sorria, na sala. Que se diz nestas alturas a uma miúda de oito anos? Dá vontade de pegar nela, de a meter numa redoma e garantir-lhe que o que aconteceu aos irmãos não lhe acontecerá. Não posso. Eu conheço outros irmãos seus. Já me passaram pelas mãos, há alguns anos, e são daqueles miúdos que até metem dó. Boa gente, serena, educada, sem qualquer outra perspectiva de futuro que não seja fazerem o que os mais velhos faziam antes de ir parar à cadeia. Volta e meia
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Olho para o meu anelar esquerdo e não acredito. Já não o via assim despido há mitos anos. E despido é como quem diz, pois tem ainda bem patente, bem vincada, a marca da aliança que o envolve há quase vinte e cinco anos. Que saiu agora para servir de medida a uma outra, de prata fingida (parece que é ouro branco, ou lá o que é). Ainda ontem conversávamos e eu disse, para seu grande desgosto, que não precisava de nada disso. Que não tem sido mau porque tenho visto na sua cara a alegria e a excitação enquanto marca o local, enquanto faz e entrega os convites, enquanto vamos a casa dos nossos amigos mais antigos para combinarmos as coisas. Fora isso, não precisava nem de convites, nem de jantar, nem de bodas. Bastar-me-ia nós os dois e os filhos, todos juntos, num fim de semana em qualquer sítio, a festejarmos juntos, o que tem sido a nossa vida. Juntos. Seria perfeito! Ainda ontem, numa das conversas com os nossos amigos mais antigos, falávamos acerca da opção de alguns dos seus fi
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A propósito do Tedx Porto, tem bailado cá por dentro uma pergunta: afinal, qual será a minha Main Thing? Não sei se o consigo definir. Desde que me conheço que não parei ainda de procurar. Nem acho que alguma vez isso irá acontecer, para ser verdadeiro. Talvez a minha Main Thing seja mesmo a inquietação, que me impede de estar parado e quieto, que me catapulta para outras coisas, para tentar sentir as coisas sempre novas, ainda que as faça pela enésima vez, que me põe em estado de caminho permanente sem, contudo, deixar de ir apreciando a paisagem. Este ano comemoramos as nossas Bodas de Prata. Vinte e cinco anos de casamento, trinta de relação, porque assim que pusemos os olhos um no outro apaixonamo-nos e começamos a permitir-nos construirmo-nos mutuamente. Quando pensava na Main Thing e na inquietação que permanentemente me acompanha, perguntava-me como é possível conciliar essa inquietação com uma relação tão longa, tão exclusiva, tão cheia. Afinal, tantos anos juntos pressu
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Durante a viagem de finalistas deste ano entretive-me algumas vezes a apreciar a escuridão da noite misturada com fortes rajadas de vento em pleno Mediterrâneo. Sentia-me suficientemente confortável e seguro para o fazer, a bordo de um verdadeiro colosso dos mares. Pensava muitas vezes como seria estar perdido no meio daquele mar imenso, no meio daquela escuridão imensa, daquela hostilidade imensa. E recolhia-me para o conforto do meu camarote, confortável e seguro, e esquecia rapidamente aquela estupidez. Acredito que há níveis de desespero que não consigo sequer calcular. Nem que seja por pudor. O que levará alguém a meter-se num barco daqueles, a meter consigo a sua família, sabendo que estará a correr risco de vida, a colocar em risco a vida daqueles que ama, é algo que me está demasiado inacessível para sequer me permitir opinar. Mas que deve ser algo muito próximo do desespero total, disso não tenho qualquer dúvida. Preferir enfrentar a morte daquela maneira, escolher correr
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Pelo brilho do seu olhar sabia que vinha aí coisa boa. Não calculava é que seria tão boa. "Estou grávida!" Eu adoro, a cada momento, ser pai. Ainda que nada tivesse feito, ainda que tudo o resto fosse puro desperdício, bastar-me-ia ser pai para sentir que tudo tinha valido a pena. Mas ser mãe, no entanto, é outra coisa! Não é ter apenas alguém dentro, é ter, efectivamente, uma vida dentro, albergar um milagre inteiro dentro, e sentir o bebé mexer e crescer e palpitar e passar de um lado para o outro uma e outra vez e dar a volta e depois sentir que se tem um papel fundamental, físico, efectivo, para que nasça e aí, só aí, entramos nós os pais, babados, sofridos, sôfregos, a tentar recuperar de nove longos meses de espera, de suposições, de olhar para ecografias e não perceber puto, de tentarmos imaginar como será e desejarmos imaginar como será e ficarmos felizes porque sentimos um pontapé quando nos encostamos à mãe, e ficarmos embevecidos quando dormimos com a mão n
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Há alturas em que me sinto mesmo deslocado como católico. Sigo muitos blogues religiosos, católicos e protestantes, de outras confissões religiosas, de ateus... Tento sempre fazer com as leituras o que tento fazer com as pessoas: dou mais atenção ao que é escrito que à sua proveniência. É mais importante para mim o que é dito e feito que de quem vem o que é dito e feito. E tento sempre ver como se fosse novo, tentando evitar catalogar à partida. Muitas vezes não passa de um processo de intenções, muitas vezes o que faço fica muito aquém do que quero fazer e tendo a condenar ou apreciar à partida consoante a origem. Mas esforço-me sempre para que isso não aconteça, e às vezes sou bem sucedido. Tenho sempre alguma dificuldade em perceber quem, de entre nós, prefere a letra à vida. Eu sei bem que a teologia é fundamental, sei bem que precisamos ter bons alicerces sob pena de andarmos como penas ao sabor do vento, sei bem que, particularmente num mundo em que as coisas nos são apres
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Desenganem-se aqueles que pensam que o tempo se mede em dias ou em semanas ou meses e anos Desenganem-se aqueles que pensam que podemos contar os dias que podemos alicerçar-nos nessa contagem que podemos garantir que essa contagem dita a distância do que nos faz sofrer de quem nos faz sofrer de quem nos fez chorar ou feliz, ou sorrir, ou amar Desenganem-se aqueles que pensam que a contagem do tempo acalma as feridas suaviza a saudade dilui o desejo de voltarmos a estar de voltarmos a ser de fazermos sempre de novo de nos fazermos sempre de novo de fazermos o sempre novo esquecido o que foi antes acreditando no que será depois Desenganem-se aqueles que pensam que o tempo nos limita o desejo nos conforma a alma nos limita o horizonte nos rouba o sonho e o desejo e a vontade indómita de o alcançar e ultrapassar e nos ultrapassarmos com ele Desenganem-se aqueles que pensam que o tempo tudo cura tudo resolve tudo faz passar O tempo aprofunda sempre o
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Por vezes acho que o meu estado mais natural é estar a caminho. Sinto uma enorme saudade da mochila nas costas, da roupa leve, do dia a nascer com todos os seus cheiros e sons e alterações de cor e de temperatura. Sinto saudades da chegada ao destino, satisfeito, cansado mas satisfeito, depois de ter ultrapassado as várias tentações de desistir, depois de me ter insultado baixinho, depois de me ter perguntado que raio é faço ali, àquela hora, depois de me ter dito silenciosamente que tenho idade é para estar no sofá, de pantufas calçadas e robe vestido, à espera que o futuro chegue, depois de me ter prometido que nunca mais, depois de ter desfeito todas as promessas e juras e esquecido todos os insultos mal avisto o albergue, mal percebo que, afinal (ainda) sou capaz e que passada meia hora estou completamente pronto para outra, que espero ansiosamente. Estava a caminho quando senti, pela primeira vez, que afinal também eu tenho limites físicos. Estar assim, muito perto do não pos
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Quase todos os dias da semana caminho pelos mesmos sítios, passo pelas mesmas pessoas, que vão entretidas a correr, ou a caminhar energicamente, ou a passear o cão, oiço o som das ondas, das gaivotas, do vento quando há vento, de tudo o que acontece cá por dentro, quando cá por dentro acontece alguma coisa que valha a pena ouvir. Poder-se-ia pensar que é sempre a mesma coisa, mas nunca o é. Nunca tinha feito isto tanto tempo seguido, durante um período tão prolongado. Normalmente, nestas coisas que não me são essenciais, a minha resistência é menor que pouca. Acho muito giro na primeira semana, cumpro com algum sacrifício na segunda e depois sou muito bom a arranjar desculpas e justificações para não ter que o fazer. Desta vez, porém, não tem sido assim e, na medida do que me é possível e o trabalho me permite, desde Outubro que começo os meus dias a caminhar. O percurso que faço é sistematicamente o mesmo: estaciono no mesmo sítio, atravesso a avenida no mesmo sítio, desço até ao m
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Acredito mesmo que escolhemos o que queremos ver. Acabei ontem a season 3 do House of Cards. Para mim, esta será a melhor temporada desta fabulosa série. Elemento transversal ao longo de toda esta temporada? a relação de Francis com Claire, a maneira como vivem o seu casamento, a forma como estiveram ao lado um do outro, para o bem e para o mal, nos períodos mais significativos das suas vidas. Uma relação longe de ser pacífica, altamente conflituosa, tremendamente interesseira, com jogos de poder constantes na tentativa de perceber quem, afinal, beneficiou de quem. Igualmente transversal, acontecem outras relações, paralelas, difíceis, outras famílias, e sempre a mesma questão de fundo: a importância e a dificuldade de amar, num casamento, numa relação fraterna, numa amizade. Hoje, como quase sempre ao sábado - fruto, principalmente, do desejo da minha mais-que-tudo - vimos mais um Alta Definição. É o tipo de programa que normalmente não escolho ver mas que, quando está a passar
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Imagino mil conversas. Todos os dias! Basta estar a caminhar, ou a conduzir, ou a dirigir-me para algum lugar, e lá estou eu a conversar. Mentalmente. Imagino-nos com facilidade, um em frente ao outro, nas mais variadas situações. Imagino o que me perguntas, o que me questionas, o tanto que me questionas, e imagino a minha resposta, formulo-a e reformulo-a, escolho as palavras, risco aqui e sarrabisco acolá, até encontrar a forma mais satisfatória e mais verdadeira de te responder. Por vezes é com comTigo que dialogo, directamente, sem intermediários, o que torna as coisas infinitamente mais simples porque sei que entre nós não há equívocos. Pelo menos de Ti para mim, porque em sentido oposto nada há mais que uma confiança, por vezes cega, outras mais (es)forçada, mais desejada que efectiva. Mas como Tu me conheces bem, sei que não adianta de nada por-me a adoçar a realidade, ou a forma como vejo a realidade, ou a forma como sinto a realidade, e limito-me a despejar-Te os meus anse
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Esta semana tive uma daquelas conversas deliciosas com um dos meus filhos, desta vez acerca da fé, da superstição e da importância de cada um fazer o seu próprio caminho de busca e discernimento. Por vezes ainda deixo que o medo me atrapalhe o amor. Por vezes, ainda caio na tentação de lhes definir o caminho, na perfeição, sem qualquer falha, limitando a sua possibilidade de errar, de cair e de se magoar. Por outro lado, utilizo algumas vezes a expressão "apanhar cacos" quando me quero referir ao nosso papel na vida daqueles que amamos. Pretendo com essa expressão referir-me à necessidade de os deixar ir, de os deixar escolher, dedicando-lhes sempre um olhar atento para evitar males maiores, deixando-os lidar com os males menores, fazendo-lhes sentir que estamos sempre disponíveis para apanhar os cacos e juntá-los quando as coisas não correm bem. Recordo, com muita ternura, alguém que me retorquia, com alguma raiva, por entre lágrimas, que o que não quer é ter que apa
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Lembrei-me logo dela. Com um sorriso. Lembrei-me de muitos, ontem, ao longo de toda a manhã, enquanto carregava a cruz, literalmente, de casa em casa, literalmente, testemunhando a alegria espelhada nos olhares dos que acolhem o ressuscitado em suas casas, pelo menos neste dia, no dia do ressuscitado. Lembrei-me do seu choque quando viu, finalmente, as marcas da idade representadas naquela fotografia. Passada a ilusória certeza que estava a brincar, percebi que não fingia, percebi que provavelmente não enfrentaria o espelho, todos os dias, sem antes, todos os dias, aplicar na sua cara toda a camada de cremes e retardadores e embelezadores - digo de cor porque não faço a mínima ideia do que as mulheres usam - percebi que acredita, vãmente, ilusoriamente, irrisoriamente, que é possível adiar a idade. Lembrei-me do que me dissera quando lhe sugeri a cruz: "eu e a cruz temos uma má relação. Já tive a minha dose de cruz, não quero outra." Sugeri-lhe que, algures ao longo do
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Amanhã estaremos de serviço. Todos. Eu e os meus filhos no compasso, a minha-mais-que-tudo e a Rita a preparar a paparoca para os que vão ao compasso, que nem só de pão vive o homem, mas também. Ainda ontem, na adoração da cruz, estávamos lá todos, e logo, na Missa de Aleluia, estaremos todos. Sem ser necessário dizer-lhes para ir. Eles sabem que devem ir. Eles sabem que é importante ir. Eles sentem que o lugar deles é também lá, no meio da comunidade, em oração. Não escondo que é motivo de orgulho. Todos os meus filhos são cidadãos comprometidos com o outro, todos eles estão envolvidos em actividades de serviço, todos eles sabem o que é abdicar de si em favor de alguém. Esse modo de vida nunca lhes foi exigido, nem sequer imposto. Claro que, em determinadas fases das suas vidas, tivemos que nos sentar e conversar e alertar que somos mais que apenas nós. Nada que eles não soubessem, nada que eles não tivessem vivido desde miúdos com as Colónias, com o Livramento, com Ramalde. No e
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Dizer que tenho saudades de Taizé é uma parvoíce. Basta-me parar, durante algum tempo, para sentir as saudades daquele silêncio, daquele encontro. Aliás, é provável que a minha saudade seja outra. Talvez eu tenha saudade do que sou em Taizé. Do que somos em Taizé. Talvez eu tenha saudade da simplicidade do olhar, da simplicidade dos sentimentos, da simplicidade dos relacionamentos. Talvez eu tenha saudade da forma como nos apresentamos, uns perante os outros, da forma como nos fomos despojando, lentamente, ao longo de vários dias, do que nos separa, do que nos limita, e nos fomos entregando, lentamente, ao longo de vários dias, quase sem reservas. Talvez eu tenha saudade dos olhares, do percurso dos olhares, do respeito dos olhares, do encontro dos olhares, francos, abertos, leais, por vezes pejados de lágrimas, por vezes animados pelos sorrisos, e pelas gargalhadas, mas sempre, sempre. carregados de vida. Talvez eu tenha saudade da forma como conseguimos articular o eu com o nós, d
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O lugar comum é inevitável! Estávamos em mais uma acção de formação do ER. São sempre muito úteis, até porque no dia a dia a exigência é tanta e tão absorvente que é raro podermos sentar, olhar-nos e conversarmos, com calma. Ainda para mais, naquele dia e pela primeira vez, estavam alguns dos voluntários que todos os dias nos ajudam a construir sonhos.  A determinada altura lá vem o tema das dificuldades que sentimos, todos os dias, que são mais ou menos as de todos os que trabalham com crianças: resistência ao estudo, alguma falta de respeito pelos educadores, dificuldades na postura em sala de aula, a sensação que elas pensam que somos criados delas. E eis que lá vem o lugar comum: pois, são crianças dos bairros, sem regras, sem ninguém que lhes diga como devem ser e fazer e se comportar... são uns pobres coitados que importa salvar (claro que não se diz isto com as palavras todas, mas é isto o que se quer dizer). Tenho a graça de trabalhar todos os dias com miúdos das franjas
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Acabo de ver o quarto episódio da terceira série do House of Cards. Durante todo o episódio a questão de Deus, do sacrifício de Jacob, da entrega de Abraão do seu próprio filho para que ele seja sacrificado e o paralelismo com o próprio Deus que entrega o Seu próprio Filho para que, por amor, seja sacrificado, está latente. E termina com uma cena forte, como é típico desta série. Não é isso que me traz aqui. A determinada altura, Francis diz que percebe bem o Deus do Antigo Testamento, com o seu poder absoluto, mas não percebe Jesus, que abdica do seu poder absoluto. Não é o único. Custa-nos sempre muito perceber como é que Jesus, que tudo pode, tudo entrega. Por amor. A questão é que percebemos sempre melhor a linguagem do confronto que a linguagem do amor. A linguagem do confronto dá-nos mais garantias, mais segurança, é mais óbvia, corresponde de forma mais imediata aos nossos instintos de protecção. No instinto do confronto continuamos a ser bichos por excelência, marcamos p
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  Quem me conhece bem sabe que eu sou um barco com o motor fora de bordo. Que se for deixado à deriva o mais provável é que fique como que encalhado no primeiro sofá que encontrar, a ver o tempo passar, sonhando, como o cavaleiro da triste figura tão bem fazia, com duras batalhas contra moinhos de vento tentando encontrar a sua Dulcineia, que até pode estar a dois passos de si mas permanece inacessível. Em boa verdade, por vezes, nos dias melhores, já duvido que permaneça no sofá, na esperança que a vida já me tenha dado o suficiente para que eu consiga olhar para mim com renovados olhares. E em matéria de olhar para mim com renovados olhares, no meu registo dos pontos altos deste ano há de estar com certeza o tempo que estive, completamente eu, completamente com o meu Deus, por um período de tempo que não sei ainda definir, na capela do silêncio de Taizé. Nunca tinha estado assim, sem ninguém, completamente sem ninguém, completamente sem tempo, completamente sem espelhos, e com a