fagilidades
Tenho a sorte de trabalhar num sítio de fragilidades. De e com pessoas com uma carência de tudo: amor próprio, perspetiva de vida, sentido, objetivos, motivações, não falta nada no cardápio da miséria humana. Pessoas que nem sequer andam já à procura, tal é o desânimo e a perda. Nem sabem sequer que perderam porque já não têm há tanto tempo que esqueceram que alguma vez tiveram. Dos miúdos que chegam às nossas mãos, por volta dos seis anos, quando entram para a escola, perdemos sempre demasiados. Quando chegam aos pós 15, perdemos com certeza muitos mais que aqueles que conseguimos agarrar, com ambas as mãos, com muita força, muitas vezes sendo apenas nossa a única vontade de os retirar dos escombros da vida. É, por isso, muitas vezes, uma batalha inglória, em que temos que lidar com a perda e a frustração e o nosso próprio desânimo. Que se agudiza quando, numa das alturas como esta em que, chegando já cansado ao trabalho, me deparo com o olhar sempre doce e meigo - e completamente per