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A mostrar mensagens de janeiro, 2020

decidir

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Dirigir é, naturalmente, inevitavelmente, um processo solitário.  Quando trabalho em equipa - algo que não me é natural mas imposto por mim - distingo três momentos distintivos: o da chuva de ideias, o da discussão de ideias e o da aplicação das ideias. De todos, o meu preferido é o da chuva, onde cada um diz o que lhe vem à cabeça, mesmo que seja completamente estapafúrdio. Daqui, por entre risos e descobertas, nasce sempre o fora da caixa, o impensado, o imprevisível, e o que deixa marcas naqueles para quem trabalhamos, que é o mais importante. Aquele em que tenho mais dificuldade - e que exige uma maior concentração da minha parte - é o da concretização. Porque não me é instintivamente tão natural, tenho que apontar tudo e estar permanentemente a impor-me ligar à terra, e agir.  No entanto, independentemente da equipa, há um momento de solidão. Breve e agradável, quando a equipa funciona, longo e penoso quando algo falha. É quando olho em volta e tento perceber com quem

permanecer

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Permanecer, depois da realidade, é uma das grandes maravilhas do amor.  Tenho visto uma série que me tem lançado algumas interrogações: Messiah. Não tanto porque aborda a eventual revisita do Messias, mas mais por causa das tramas relacionais e afectivas que giram à volta desse acontecimento. De amor e de desamor. Numa delas - a que conta para aqui - é entre um pai e a sua filha que, com o apoio da mãe, fez um aborto. Há no amor uma forte carga de encantamento, de alguma ilusão até. Quando estamos apaixonados, quando amamos, sentimo-nos capazes de mover montanhas, ainda que por vezes nos tenhamos que render mais ao projecto que à realidade. Na fase de encantamento tudo é possível, tudo é desejável, tudo é bom e maravilhoso. À medida que o tempo passa, no entanto, a realidade vai alternando com o encantamento e nessa altura dá-se a prova dos nove. Quando se ama, verdadeiramente, permanece-se, ainda que possa ser necessário ajustar o amor à realidade: reconfigura-se o am
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Nas parcas mensagens de votos de feliz ano que enviei no último dia do ano que passou, formulei os votos de sabedoria e tranquilidade. Se a estas adicionarmos serenidade, temos a minha busca mais permanente. É recorrente desejar aos que me são importantes aquilo de que mais necessito. Talvez seja porque me são importantes - as pessoas e os desejos - talvez seja porque tenho esperança no retorno, talvez seja porque não consigo ver senão pelos meus olhos e projeto-me nos que me rodeiam. Quando penso em sabedoria e serenidade penso sempre em Jesus. Ontem, enquanto descobria o "Ei-lo" de Samuel Úria, desejei, mais uma vez, essa força. A capacidade de esperar, de dar lugar e ouvidos e vez, de estar suficientemente seguro para que os outros possam ter lugar em mim, de permitir que os outros sejam. É-me sempre difícil fazê-lo, principalmente quando estou numa posição que exige orientação e assumção de responsabilidades, sobretudo quando impera o medo infantil de desiludir al