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A mostrar mensagens de janeiro, 2012
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Ontem fomos namorar. Só para acabar melhor um dia que tina começado (e continuado) com discussão. Jantamos com a filharada e fomos a seguir. Só os dois. Sala cheia, como há muito tempo não via, e um filme enorme. Não é daqueles que dá nas vistas, que enche o olho, de história ou lágrima fácil. Mas é uma grande história recheada de várias grandes interpretações, com o Clooney à cabeça. Ele, que tinha tudo para ser (mais) um Geere, com os papéis de sedutor de meia idade (ia dizer de meia tigela mas deve ser inveja), tem enveredado por outros caminhos, bem mais complexos, bem mais exigentes, bem melhores, na minha opinião. Creio que este será um daqueles filmes que nos farão companhia por muito tempo. Aliás, um dos últimos do Clooney já tem em nós um lugar cativo: o Up in the air. São filmes que nos ajudam a desbloquear conversas, a escolher caminhos, até a evitar situações como se espelhos se tratassem, elementares na construção de um património comum que não é feito apenas de beij
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Foi bom, hoje. Tão bom que preciso resistir à tentação de debitar palavras pelos dedos fora. Tão bom que preciso meter as palavras num cálice e, à média luz, com uma boa música, decantá-las e saboreá-las como se de um excelente Porto se tratasse. Já tenho programa para a noite. Obrigado ;-)
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Uma das coisas boas de crescer é a oportunidade de irmos corrigindo o nosso olhar sobre o mundo. Por vezes passamos anos a ver a (nossa) realidade sob um determinado ponto de vista e de repente essa realidade apresenta-se-nos completamente nova. Por causa de um dia de reflexão do 10º ano, a dignidade tem andado a fazer caminho cá por dentro. Quanto mais vou pensando nisso, mais vou chegando à conclusão que a restauração da dignidade às pessoas é um dos  principais objetivos de Jesus. Na altura referia-me à Samaritana que, com Jesus, voltou a ter a capacidade de ir ao encontro das pessoas de quem antes fugia, voltou a poder andar de cabeça erguida, sem medo do julgamento que dela faziam. Mas isso pode ser aplicado a qualquer um dos interlocutores de Jesus: Zaqueu, Madalena, os cegos e os coxos, os leprosos, o bom ladrão... a todos Jesus fez sentir que eles eram dignos enquanto pessoas, enquanto desejo de futuro, independentemente da sua condição social, dos seus defeitos, do seu p
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Qualquer pessoa que use a net para mais que ir cuscando no Facebook olha para esta foto e bem-lhe um nome à cabeça: Banksy. Claro que não deve ser dele - não se consta que tenha estado por cá - mas tudo se inspira na sua forma de grafitar: a acutilância da imagem, as palavras de ação, a mensagem. Aliás, se as palavras fossem inglesas aposto que todos diriam que era dele. Curiosamente, a primeira coisa que me veio à cabeça quando a vi foi o Novo Testamento. Confuso? Passo a explicar. No último livro do José Rodrigues dos Santos ele afirmava que alguns dos textos do Novo Testamento eram uma fraude pois os seus autores eram outros que não aqueles que referiam. Ou seja, textos de São Pedro, São João ou São Paulo, afinal não teriam sido escritos pelo seu punho mas por outros, ainda que inspirados por estes apóstolos. Para José Rodrigues dos Santos estes textos, apesar de "copiarem" o estilo, as palavras, a filosofia daqueles que referia, eram - reafirmo-o porque ele fá-lo
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Sempre que lhe digo que eu gosto mesmo é de pessoas, ela torce-se toda. "Até pode ser verdade, mas o que fazes na realidade por elas? Como combates o teu comodismo crónico?" Acabo sempre por concordar com ela. Afinal, ainda ontem, enquanto via a quantidade de alunos que, motivos pelas suas ideias, pelos seus projetos, pelo seu exemplo e pela sua ação incisiva, se dedicavam a ensinar outros alunos, pensava em como estou casado com uma mulher extraordinária. Difícil, claro. Mas extraordinária. A forma como ambos gostamos dos outros não podia ser mais diferente: ela muitíssimo mais interventiva, operativa, muitíssimo mais ação; eu, como (quase) sempre e em (quase) tudo, mais à distância, mais observador, vendo as pessoas como quem vê um quadro de Picasso: admira-se, não se mexe. Por vezes é-nos tremendamente difícil conciliar os nossos tão díspares olhares. Quando caímos na esparrela de reivindicar louros, então, entramos numa espiral decadente de estupidez que, felizme
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Não são muitas as alturas em que me permito a saudade. Normalmente sacudo-a com facilidade e concentro-me na tarefa de colocar o olhar no caminho a fazer. Mas esta semana estive com muita gente boa que tem esse condão de me transportar para bem longe daqui, para um lugar que o tempo se vai encarregando de carregar com cores cada vez mais coloridas e distintas, para um lugar que o tempo se vai encarregando de tornar cada vez mais mágico. Ainda agora falávamos de um terraço, de um luar, de um ambiente, de uma partilha, de longas conversas sem tempo nem modo, que vagueavam ao sabor daquele clima quente. Deu-me vontade de fazer como via no Espaço 1999, de me meter aquela transportadora que nos desintegrava no local onde estávamos e nos reconstituía no local onde queríamos estar. Eu ia. Agora mesmo. Rapidinho. A tempo de voltar para o jantar. Só para poder voltar a saborear a magia que nos acompanhou todo aquele tempo. Um outro pensamento começa a formar-se cá por dentro. Até aqui ai
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Sempre que posso, digo que aquilo que verdadeiramente nos separa são as nossas escolhas. Sei que são influenciadas, ela nossa educação, pelo nosso meio e até pelos nossos genes. Mas acredito que somos suficientemente livres para decidir por onde queremos ir e que isso é o que verdadeiramente nos distingue uns dos outros. E que isso nem sequer nos momentos especiais da nossa vida mas, pelo contrário, nas coisas pequenas, naquelas pequenas decisões que tomamos todos os dias a qualquer momento. Para quem tem o privilégio de ter filhos - como eu - e filhos que pensam - como os meus - é muito interessante  (às vezes gratificante, outras terrivelmente desesperante) poder assistir à forma como vão decidindo a sua vida, como vão efetuando as suas escolhas, como vão descobrindo e fazendo o seu caminho. Nestas alturas, apesar das suas escassas certezas, tento interferir o menos possível. Acredito que aquilo que eu poderia fazer enquanto "moldador" (no sentido em que Deus nos moldo
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Na semana passada tive o verdadeiro privilégio de acompanhar alguns alunos numa visita de estudo a Lisboa. Eu gosto de Lisboa, particularmente daquela zona de Belém, numa manhã verdadeiramente gelada e cheia de luz, de gente bonita a correr ou a caminhar, de vendedores de castanhas e prenha de História. No primeiro dia assistimos a um excelente Auto da Barca nos Jerónimos, fomos ao CCB ver o Berardo e acabamos no excelente ( e para mim perfeitamente desconhecido) Museu da Eletricidade. A peça foi brilhantemente interpretada e em todas as visitas fomos impecavelmente conduzidos por pessoas (miúdos) com uma competência e entusiasmo notáveis. Apesar de a visita ter sido muito proveitosa para os nossos alunos tenho a certeza que o foi bem mais para mim. Dei comigo a pensar como nos é fácil identificar o pais com o que vou vendo e lendo na comunicação social. E de como por vezes me esqueço que a vida vivida vai muito para além disso. A visita de um qualquer museu ou espaço lúdico-peda
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Eu gosto de ver o mundo ao contrário. De olhar para onde mais ninguém olha. De tentar ver o que mais ninguém vê.  Desde que me conheço que a corrente me é francamente desconfortável. Em tudo. No modo de pensar, no modo de agir, no modo de vestir... no modo de falar ;-) Sempre que há encontros ou momentos especiais, a minha mais-que-tudo tem o condão de andar numa roda-viva. Conhece e fala com toda a gente, interage com todos com um à-vontade impressionante. Eu sou a sua antítese. Quem me quer ver bem numa situação dessas olha para um qualquer canto e eu lá estou, sozinho, a apreciar a multidão. É assim que me sinto bem, a olhar as pessoas, a observá-las, a sentir a sua azáfama, a admirar as suas capacidades. Lembro de ser miúdo e de viver perto da Praça da República, no Porto. Levantava-me cedo e ia para o jardim só para ver as pessoas. Olhava para elas sentadas no autocarro ou carregadas de sacos e imaginava as suas casas, as suas famílias, as suas conversas à mesa. Ainda
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O meu maior defeito é o da procrastinação. E constitui o meu maior compromisso de melhoramento pessoal para este ano.  Tenho uma vaguíssima memória de um pequeno quadro com dois anjos da guarda que estaria à cabeceira da minha cama de miúdo. Nem sei bem se essa memória é daquelas reais ou das que o tempo vai instalando dentro de nós ao ponto de as assumirmos como verdadeiras. Adiante! O importante é que  por causa desse quadro sempre tive a sensação clara que nada de muito mau me poderia acontecer, que à ultima da hora haveria um qualquer anjo que me impediria de cair no precipício. E não estou a falar de fantasias de miúdos mas de convicções de adulto.  Essa segurança permitiu-me não me levar demasiado a sério. As principais decisões da minha vida fora tomadas quase de ânimo leve, sem pensar muito nas consequências. Com tudo o que de bom e de mau isso pode acarretar: quando as coisas correm bem é fantástico, ultrapassamos os limites que o medo nos impõem; mas quando cor
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No último dia do ano que acabou aproveitei uma folgazita e fui até à Igreja agradecer. Foram muitas as coisas conquistadas em 2011, muitas as ultrapassadas, muitas a vezes em que tive uma mão estendida pronta a me levantar e a ajudar-me a recomeçar sempre. Tinha, por isso, inúmeros motivos para louvar a Deus. Soube-me muito bem por isso, estar na minha Igreja sozinho, a pensar no que foi a minha vida. Não o faço muitas vezes, infelizmente. O quotidiano toma conta dos meus dias com extrema facilidade e nem sempre tenho a disponibilidade mental para me sentar e me encontrar. Mas é muito importante para mim fazer este tipo de paragem. Ajuda-me a avaliar melhor o meu percurso, a corrigir rotas, a aprimorar destinos. Sinto sempre, aliás, que quando não me dou este tempo acabo por viver à superfície das coisas e por perder o que verdadeiramente importa. Agora que estou já no novo ano importa respirar fundo e começar a caminhar. O meu pároco disse ontem que, apesar de este ano se afigura