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A mostrar mensagens de dezembro, 2012
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Estou habituado a ser considerado o esquisitóide que vê coisas que mais ninguém vê. A última vez que me aconteceu isso foi na semana passada, quando vi o filme A Origem dos Guardiões. Incomodou-me terem dito que pelo facto de não verem o coelho da páscoa, esta deixaria de existir. Dou de barato o Pai Natal porque creio que o Natal ainda vai para além dele: a tradição da família à volta da mesa, os presentes (ainda) ligados ao Menino Jesus, tempo de paz, alegria e concórdia. Há, ainda e apesar de tudo, uma ligação ao Deus que se fez pequeno por nós. Mas o coelhinho da páscoa ? Por amor de Deus! Como nunca mais aprendo, caí na asneira de referir, ainda que baixinho, que aquele filme era ateu. Como nunca mais aprendo, caíram-me em cima, que andava a ficar mais papista que o papa, que não tem nada a ver, que ele até refere no filme que a pascoa é um tempo de renovação, etc etc etc. Algo de muito parecido ao que aconteceu quando disse que os Gato tiveram um papel absolutamente decisivo

Bênção das Grávidas (O Poço 201212)

Se em todas as Eucaristias se celebra a vida, a do dia 8 de Dezembro era particularmente rica na sua simbologia: rodeadas pelos soldados da paz, que tantas vezes dão a sua vida para proteger a vida alheia, as jovens mães, que carregavam os seus amados filhos como Maria carregou Jesus no seu ventre, pediam à Mãe do Céu a luz e a sabedoria para a sua maternidade. Não é difícil perceber a importância da Bênção das Grávidas, particularmente nos dias de hoje, tão propensos ao individualismo. Até os argumentos difundidos pelos órgãos de comunicação social para se ter filhos têm uma raiz individualista defendendo que eles são a garantia do nosso futuro. No fundo, relegam para segundo plano a conceção de um filho como o maravilhoso resultado de uma dádiva mútua de amor que tem o Amor de Deus como origem e testemunha. Esquecemos demasiadas vezes que cada vida gerada é um sinal de esperança e um testemunho de confiança. Um sinal que, afinal, nós ainda esperamos em Deus, ainda Lhe con

Mesa de São Pedro (O Poço 201212)

Começaram por ser meia dúzia que, envergonhados, deslizavam sob a  penumbra e se sentavam, fixando os seus olhares algures no chão do improvisado refeitório. Agora, passadas escassas semanas, já se contaram setenta refeições, servidas numa só noite, na Mesa de São Pedro. É muita gente, convenhamos! Demasiada! Por todos os motivos. Esta é uma daquelas ações que preferíamos todos que nunca tivessem que acontecer no meio de nós, e que ansiamos que algum dia tenha que fechar por falta de utentes. Sendo um ato de pura disponibilidade – de tempo, de trabalho, de bens, de entrega pessoal – não deixa, contudo, de ser um ato  que envolve alguma dor: a dor natural de quem é íntimo da necessidade absoluta de ser servido une-se, como que paradoxalmente, com a dor de quem serve e se confronta com o sofrimento que os seus olhos refletem. A Mesa de São Pedro não é, por isso, um ato de caridadezinha piedosa de pessoas que têm que encontrar forma de ocupar as suas vidas: é tempo roubado ao temp

Celebrar o Natal (O Poço 201212)

Parece que este será um Natal um pouco fora do comum. A palavra crise foi a mais dita e escrita ao longo deste ano, todos estamos com receio do ano que vem e aqueles que ainda veem sobrar algum dinheiro ao fim do mês preocupam-se mais em poupar que em gastar o pouco disponível em coisas que farão parte do baú das recordações antes ainda do Ano Novo. Qualquer pessoa de bom senso poderá afirmar que esta alteração de comportamentos, ainda que seja uma consequência de uma sociedade que persiste em viver apoiada no medo do futuro, não será de todo negativa. Principalmente se as dificuldades nos derem a capacidade de redirecionar o nosso olhar para aquilo que é verdadeiramente importante. E, no Natal como na vida, o importante é o Menino, que vem ao nosso encontro. Habituados que estamos às efémeras sensações provocadas pela espuma dos dias, chegamos a um ponto em que nos deixamos interpelar com maior facilidade pela “notícia” que, ao que parece, o burro e a vaca não estiveram na gruta
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Quase que aposto, de olhos fechados, que sorris neste momento. Como o criador sorri quando se depara com a criatura. Sim. É (também) a pensar em ti e no que conversamos que estou agora aqui. Também mas não só. É sobretudo porque, depois do que conversamos, depois do que li, pensei que não era justo eu esconder-me dos olhares alheios enquanto me regozijo com a exposição alheia. Porque sabemos ambos que é disso, afinal, que se trata: expomo-nos nas palavras para que consigamos, por entre letras, por entre dentes, descobrir os sentimentos (ou, se tivermos muita sorte, que nos descubram os nossos). Mas é também porque te li e gostava de te dizer que, apesar do medo do mergulho, também tu és uma história abensonhada. Ainda com muito de sonho, é certo, ainda com muito de medo, de procura, de projeto, de avanços e recuos, de tactear para tentar chegar, de dúvidas e mais dúvidas, e de confrontos - por vezes penso que os teus últimos anos têm sido essencialmente confronto! Mas tem sido tam