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A mostrar mensagens de dezembro, 2017
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Não há sentimento mais nobre que o da gratidão. Pura, genuína, imensa gratidão. Olho para trás e vejo enormes convulsões. Em mim e no que me rodeia, geralmente provocadas por mim. Foi um ano de batalhas duras e constantes, de procuras incessantes de outros tantos encontros e descobertas. Não foi um ano de rendição, mas de batalhas ganhas e perdidas. Ser-me-ia tão fácil quanto estúpido dizer que, se pudesse, faria tudo da mesma forma. Não faria. Tentaria encontrar mil formas diferentes de tentar conciliar o inconciliável. Formas que poupassem o sofrimento, formas que trouxessem risos em vez de lágrimas, formas cujas marcas não permanecessem no tempo. Mas isto é a vida. E a morte. E este foi também um ano de morte. Ainda do Mero, cujas ondas de choque desabaram no início deste ano. Da minha avó, que no final de uma vida cheia de vicissitudes se entregou, finalmente, em paz. Foi um ano de perdas, algumas delas irreparáveis, de ausências, de partidas e chegadas. Foi um ano de apre
Por vezes acordo. É como se andasse atordoado, distraído, tão distraído que deixasse de ver o essencial. E o essencial, na minha vida, nas minhas permanentes tentativas de viver bem, e em paz comigo próprio e com o imenso que me rodeia e me habita, o essencial é não magoar. E quando acordo, quando descubro que posso ter magoado, por descuido - só magoo por descuido, por falta de atenção e cuidado - cá por dentro cai o Carmo e a Trindade.
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Vi a sua face contraída, tensa, e disse-lhe para sorrir, para se descontrair. Se isto não serve para nos divertirmos, não serve para nada. Estávamos todos a meio de um ensaio para esta noite. Sei bem a responsabilidade de tocar e cantar em cima de um palco. Sei bem como queremos todos que corra bem. Sei bem como no dia seguinte nos cruzaremos com o que estarão lá esta noite, na plateia, naquele lugar assustador para quem olha e, ofuscado pelas luzes, apenas consegue imaginar quem está do outro lado. Mas isto é puro gozo. É apenas um pretexto para estarmos juntos e nos divertirmos enquanto cantamos e tocamos meia dúzia de canções. Eu lido razoavelmente bem com a pressão. Naquilo que é trabalho. No resto, sou péssimo. Não sei como o fazer. Por isso o truque é não lhe atribuir demasiada importância. É procurar o o gozo pelo gozo. É gostar muito mais do processo que do resultado final. É não permitir que a diversão se transforme em trabalho. E essa inversão é tão fácil de acontecer!
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Sinto sempre enorme vontade de me enclausurar. Como se me pudesse manter assim, formatado, seguro, com os pés sempre bem assentes em terra bem firme. De olhos postos no chão, desinteresso-me pelo voar e pelas coisas do alto. Manter é a palavra chave. Sossego é o objetivo a alcançar. E sossego. Efetivamente. O corpo. A alma. O espírito. Seguro-me ao que é seguro. Enraizo-me no que é certo. Indubitavelmente certo. Inquestionavelmente certo. A intimidade tem muitos nomes. E muitas formas. Variadas. E um tempo que é apenas seu. Que pára. Que é imune ao próprio tempo. E tem sempre, sempre, uma presença. Que poderá ou não estar presente. Mas que é sempre presente. E tempo e presença conluiem-se e tudo tornam diferente. Um momento é tudo quando há presença. Um ano é nada na ausência. Estamos juntos e sempre fomos juntos. Recebo uma foto, enviam-me um poema, leio um abraço distante que me é dirigido e é apenas meu. E o tempo pára. E somos juntos. Sinto sempre enorme vontade de voar. Com
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No mundo imaginário e fantasioso onde algumas vezes ainda vivo tudo se resolve. Uma boa conversa, um sincero pedido de desculpas, um escancaramento da alma, constituem a mezinha que tudo soluciona e tudo resolve. Um sorriso, ainda que ténue, é garantia que a alegria vai ocupando o lugar da dor provocada e tudo, a partir daí, serão boas memórias. O problema é que o único lugar onde vivo sozinho é nesse mundo imaginário e fantasioso. Na vida real não existo apenas eu e as minhas adolescentes fantasias. E o que eu digo tem consequências. E o que eu faço tem consequências. No mundo mesmo. Que não deixam de existir nem passam com duas de letra. E às tantas esse mundo onde por vezes ainda habito torna-se efetivamente  pernicioso. Na pele, nos ossos e na alma justamente daqueles que me são mais próximos. Da pele, dos ossos... da alma. Esses, justamente esses (porque apenas esses me conhecem a esse ponto), antecipam por vezes a catástrofe apelando a que ponha ambos os pés na terra. Pedem