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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013
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Mais uma vez, como acontece sempre que regresso de uma experiência forte de partilha - e, particularmente nos últimos anos, tenho tido algumas, Graças a Deus! - obrigo-me a um processo de desmame. Quando acordo tento calar as músicas que me acompanharam os sonhos e que teimam em fazer-me companhia no pequeno almoço,, tento não falar (mais uma vez!) do assunto para não ferir ainda mais uma ausência imposta, tento convencer-me, a cada momento, que o que vivi serve apenas para alimentar o que vivo todos os dias. Para todos os efeitos, esta é sempre uma tentativa de gestão da perda. Que, para "ajudar", é invariavelmente acompanhada por algum sentimento de culpa. Como se não fosse justo ser feliz fora daqueles a quem tanto amo e que me são tão importantes. Como se tivesse a obrigatoriedade de, estando longe da sua vista, penar pelos cantos, chorar baba e ranho, de tal forma sinto a sua falta. Como se, de alguma forma, a felicidade apenas fizesse sentido nos momentos em que o
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Quando soube que Ratzinger seria o novo Papa não gostei nada da ideia. Vinha rotulado como ultra-conservador, Grande Inquisidor, temível perseguidor de todos os que ousavam pensar e viver a Igreja out-of-the-box. E era alemão, o que, para mim, nunca é grande cartão de visita. A realidade, no entanto, foi bem diferente. Extremamente profundo nos seus escritos, cedo revelou ter ele próprio um pensamento e uma forma de estar out-of-the-box. E eu gostei muito disso. Gostei do facto de ser um homem do recolhimento e não das multidões, do pensamento profundo e não da espuma, mais do fazer que do aparentar. Gostei do seu esforço em reunir o rebanho voltando a chamar os ultra-conservadores (se Taizé nos ensina alguma coisa é que, desde que haja respeito mútuo, há espaço para todos. Eles não respeitaram, é um problema deles. Bento XVI fez o que tinha a fazer). Gostei do seu discurso exigente, claro, sem meias tintas, propondo o que tinha a propor sem se preocupar em demasia se era mal inte
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Apesar de, como todos nós, os utilizar com alguma frequência, não sou adepto de chavões. São mais uma forma de etiquetarmos as coisas, de as rotularmos e, justamente como as etiquetas e os rótulos, os chavões poderão ser, quando muito, pontos de partida, mas nunca caminho a ser percorrido. E muito menos pontos de chegada. Um dos sentimentos mais escutados da boca daqueles que todos os anos voltam a Taizé é o de medo: no primeiro ano foi sempre tão bom, tão especial, tão único, que o regresso apenas pode originar frustração das expectativas. Quando lá estão, no entanto, invariavelmente se apercebem que não faz sentido compararmos situações e experiências que não são, de todo, comparáveis. Porque as nossas próprias circunstâncias são outras, porque  a nossa disponibilidade é outra, porque até aqueles que nos acompanham são outros... porque, no fim de contas, apenas Taizé se mantém, lá, à nossa espera, quase imutável, ao fim de todos estes anos. Taizé é, também por isso, importante
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Para mim, a Casa do Pai também tem muitas moradas. Encontro-O muitas vezes, em muitas situações, e aprendi já a não desdenhar cada local, cada pessoa, cada situação, como descobertas de caminhos para que esse encontro profundo aconteça. Há, no entanto, lugares especiais, que nos tornam igualmente especiais. Tive a sorte de regressar àquela que é, para mim, uma das Moradas Permanentes do Pai: Taizé. Foi muito interessante apreciar como evoluí a todos os níveis, desde a minha primeira vez. Recordo-me que nesse ano caí absolutamente de queixos, num encontro comigo próprio que vinha sendo adiado há demasiados anos. Deparei-me comigo, com o meu silêncio, com a minha solidão (que me era auto-imposta) quase insuportável, mas, sobretudo, deparei-me pela primeira vez com um Pai que nunca me perguntou porque levara tanto tempo a chegar até Ele. E que nunca me recriminou por isso. Um encontro tão decisivo na minha vida que nunca senti necessidade de reatar laços. Agora, volto a Taizé não com
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Ultimamente, para desgosto meu, tenho sentido necessidade de pedir desculpa por não conseguir gerir o meu tempo convenientemente. Apesar do muito trabalho que sempre tenho, normalmente consigo fazer tudo. Lembro-me de uma máxima que tinha num anterior emprego: os impossíveis faço já, os milagres demoram mais algum tempo. Desde sempre que gosto de ter que correr, de ter os meus dias ocupadíssimos, de ficar surpreendido com o final do dia, que se aproxima a passos largos. No entanto, apesar de viver a correr, sempre fui tendo tempo para os meus. Os meus filhos, a minha mais-que-tudo, os meus amigos. Sempre fui conseguindo interromper o que estava a fazer, por muito urgente que fosse, porque valores mais altos se levantavam. Era uma forma de não permitir que a minha profissão se sobrepusesse ao que tenho de importante: as pessoas da (na) minha vida. Acredito piamente que, particularmente no rol de papéis que desempenho, todos os dias, a nível profissional, ter tempo para as pessoas é
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Trabalhar neste novo projecto tem sido, a todos os títulos, um verdadeiro desafio. Lembro-me muitas vezes do que um amigo me contava que lhe tinham dito na sua experiência de missão no Brasil: "Pobreza cansa". Não tem sido fácil para nenhum de nós passar os dias a saltar entre dois mundos completamente distintos. Passamos parte do nosso quotidiano num mundo de primeira, com ar condicionado, com condições de trabalho absolutamente exemplares, quer em termos físicos quer psicológicos: excelentes pessoas, excelentes companheiros, excelentes alunos que todos os dias nos colocam desafios que nos elevam ao melhor do que temos e somos para dar. Depois, a meio do dia, mudamos completamente de cenário: condições físicas que "até não são más", salas geladas e com correntes de ar, pessoas para quem o mínimo a exigir já é demais para o que estão habituados a dar. São dois mundos completamente distintos que, apesar de distarem entre si algumas centenas de metros, não convivem