202012111230
Eu sei o que é viver imerso no medo. Eu sei o que é acordar com ataques de pânico. Eu sei o que é ter pesadelos e acordar e desejar com todas as forças regressar ao pesadelo. Eu sei o que é viver de cabeça baixa, com vergonha de olhar ao espelho, com medo que descubram quem sou (era). Eu sei o que é o medo, como nos tolhe, como nos limita, como toma conta de tudo em nós, dos nossos pensamentos, gestos atitudes, olhares, fantasias. Eu sei como se insidia, como se instala, como nos trabalha por dentro, como nos leva a ver o que não existe alterando completamente a perceção da realidade, escurecendo-a, enegrumando-a. Eu detesto o medo. Visceralmente. Esta semana disseram-me que o confinamento me tinha feito bem. Que estou mais calmo, mais ponderado, atribuindo a cada coisa o seu devido peso, sem dramatismos bacocos que não ajudam ninguém a crescer. "Estás mais sábio". Sorri, querendo muito acreditar que sim, sabendo certamente que não. Ainda não, pelo menos. Porventura, poderei