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A mostrar mensagens de outubro, 2023
Ultimamente tenho andado a pensar que as questões da moral, na Igreja ou fora dela, deveriam ser exclusivamente auto impostas. Que tudo o que não seja aplicar em mim e não nos outros, tem forte tendência para a asneira.  Já estou cansado de saber como a vida me finta. Em mim aplicam-se na perfeição os telhados de vidro ou o cuspo para o ar que inevitavelmente me cai no meio da testa. têm sido imensas as situações que, em alguma altura da vida me arroguei a dar postas de pescada e agora apanho com elas nos queixos. Sempre que isso acontece, encolho-me todo de vergonha e rezo duas coisas: que eu não volte a repetir; que as pessoas visadas por essa minha arrogância já a tenham esquecido.  Gostaria de pensar que esta é uma coisa que vai passando com a idade, mas não é verdade. Basta-me estar um pouco mais cheio de mim e lá caio na esparrela de mi próprio. Ontem, na eucaristia, rezava isso: vou esforçar-me mesmo por aplicar apenas a moral a mim próprio, porque apenas eu e Deus conhecemos as
Dizia eu ontem a um miúdo - estou na idade em que todos abaixo dos 30 são miúdos - que o "Para Sempre" me assusta. E desde sempre que assustou. Porque este sempre nem sequer é exatamente verdadeiro quanto ao passado - provavelmente houve alturas em que o para sempre não me assustava assim tanto - quanto mais quando perspetivamos ou nos comprometemos com o futuro. O Para Sempre é a manifestação de um desejo e, nas melhores hipóteses, um compromisso. Mas na verdade não faz grande sentido. Porque nos aprisiona, porque nos rouba a liberdade de, a cada dia, podermos escolher, porque nos obriga a cumprir algo que foi decidido ao passado independentemente das circunstâncias do presente. E eu, se aprecio imenso o compromisso, não gosto da obrigatoriedade. Há uns anos pediram-me para fazer um breve discurso para dois amigos que tinham casa há pouco tempo. E eu, de improviso, disse-lhes que não acreditava em casamentos para sempre, mas em casamentos de todos os dias. Porque é todos os
Eu digo, muitas vezes, mais ou menos em tom de brincadeira, que me orgulho do meu lado feminino. E sempre que o faço em tom de brincadeira é com o intuito de me colocar em bicos de pés, é porque reconheço uma qualquer característica ou dom que eu não tenho e que, não sendo exclusivo dos homens - assim de repente não me recordo de alguma coisa do foro psicológico que seja exclusiva de homens ou mulheres - consigo perceber que é mais numerosa nas mulheres. Eu não acho nada que homens e mulheres sejam a mesma coisa. Mas também não acho que o Joaquim e o Manel sejam a mesma coisa. Mesmo numa relação, qualquer que seja a forma com que se reveste, há diversos papéis que são desempenhados alternada ou simultaneamente, porque ninguém é igual a ninguém, Graças a Deus! Daqui decorre a minha tremenda dificuldade em entender todas as questiúnculas que, de ambos os lados da barricada, ocorrem frequentemente. Irrita-me solenemente - porque acentua a diferença - o portugueses e portuguesas dos discur
Por estes dias, sigo o Sínodo com muita atenção. É muita a expectativa, embora não demasiada, porque destas coisas vou percebendo o suficiente que os passos pequenos são importantes mas exasperantes. Sobretudo para a muita malta nova com quem tenho conversado - a começar pelos meus, lá em casa - que aspiram a muito maior firmeza e rapidez. O que é curioso, porque o que sair destes dias - sobretudo o que sair depois da segunda parte do sínodo, que irá ser discernida em outubro do próximo ano - será mais vivido por eles que por mim, que já não estarei a tempo de saborear as mudanças que, espero e desejo, daí virão. E o facto de eu e outros como eu estarmos já numa outra fase da vida não é despiciente em todo este processo de evolução da Igreja. O Concílio Vaticano II terminou por volta do ano em que nasci e, sobretudo depois de ter sido metido na gaveta com João Paulo II, só agora começa a ser intencional e abertamente recuperado. Tivessem as coisas corrido de outra maneira e provavelmen