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A mostrar mensagens de maio, 2011
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A melhor coisa que se pode fazer durante um jantar com um mau serviço é aproveitar para ter uma boa conversa. Enquanto esperamos pela longa sucessão de pratos, vamos trocando ideias e opiniões até que, sem que disso nos apercebamos, estamos a partilhar algo mais: um pouco de nós mesmos. Foi algo parecido que tivemos do passado sábado. A conversa banal e superficial foi dando lugar a uma outra que nos implicava pessoalmente, dando-nos a descobrir mutuamente. Reparei como eu próprio, que me sinto particularmente à vontade quando navego em águas profundas, fui abrindo a porta à medida que encontrava as outras entreabertas. Sempre achei muito curiosa a maneira como algumas pessoas vão(se) dando na exacta medida em que vão recebendo. Como se receassem tudo o que dizem, como se sentissem que os outros poderiam usar o que dizem para seu proveito próprio. Outras, porém, sendo o centro das atenções na fase das larachas, encolhem-se tremendamente quando a conversa se adensa, recusando-se a
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Preciso de rezar. Muito! Rezo quando me procuro e rezo quando me encontro; rezo quando sorrio e rezo quando choro; rezo quando me pacifico e rezo quando me zango; rezo quando paro e rezo quando caminho; rezo quando consigo e rezo quando desespero; rezo quando canto e rezo no silêncio; rezo quando estamos e rezo quando estou; rezo quando acordo e rezo quando sonho; rezo quando somos e rezo quando sou; Porque eu sou também tudo isto, porque a minha vida é também tudo isto e Te quero em toda a minha vida. E porque eu também, com toda a minha fragilidade, quero que toda a minha vida esteja em Ti.
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Hoje, ao longo do dia, tive a visita de alguns amigos. Refiro-me àqueles alunos que volta e meia me visitam para me matar as saudades. Não vêm apenas por minha causa, claro, mas depois de estarem com os professores que eventualmente mais os marcaram, arranjam uns minutos para virem cá acima, para estarmos juntos, conversarmos um bocado, revisitarmo-nos nas nossas memórias, e cada um volta depois à sua vida. É muito giro este on-off de quem se gosta. Não precisamos de estar em permanente contacto, não precisamos de muito tempo de conversa, não precisamos até de grandes novidades uns dos outros. Por vezes tenho até a sensação que eles precisam justamente que nem existam essas novidades mas que as coisas estejam tal como as recordam. Regressam ao lugar onde foram felizes para estarem um pouco com as pessoas com quem, em determinada altura, foram felizes, sabendo todos que a vida já não passará por nós mas por outras vidas. E que é assim que deve ser. Apesar das enormes dificuldades
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Nunca é fácil lidarmos com as nossas próprias limitações. Se somos confrontados em público, então, a coisa pode mesmo ser muito complicada. Hoje tive uma Eucaristia. Que não correu assim tão bem. Não é nada de mais, mas as pessoas esquecem frequentemente que uma Eucaristia não e um espectáculo mas um serviço. Não tem, por isso que ser perfeita em todos os seus passos, em toda a sua complexidade. É de pessoas que estamos a falar e não de máquinas. Contudo, como é uma Eucaristia com pais e filhos, quer-se sempre que as coisas estejam impecáveis, que espelhem uma absoluta dedicação e competência. Quando isso não acontece há quem se sinta incapaz, desmotivado, magoado com os eventuais comentários que possam daí advir. Confesso que dificilmente dou para este peditório. No início ficava muito preocupado: se cantava bem ou mal se tocava nos tempos certos, se as pessoas pensavam que me estava a exibir... Agora isso não acontece. De todo! Vou sempre para uma Eucaristia como quem vai para u
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Hoje de manhã procurava algo para me aquecer o coração. Sabia que ia ter um dia complicado e nessas alturas procuro sempre ver o lado B da vida, ficar atento ao que me rodeia para me encontrar nos outros. Percorri os blogues, vi os jornais online, olhava para as pessoas e... nada. Há dias assim, em que o muito que tenho que fazer me tolda a visão e me impede de ver a vida com os olhos de ver. Estou agora na capela do Colégio à espera de fazer um novo ensaio. Estou sozinho, sentado, com o computador ao colo - sacrilégio: estou a trabalhar na capela!!!! - e recebo um mail da Pat com uma pequena história. Sorrio, leio atentamente, sorrio mais ainda no final. Aqui estava ele, o "vale a pena" deste dia. Tenho dias assim, em que tenho plena consciência que procuro a felicidade, que não fico à espera, como na aldeia do Astérix, que o céu me caia em cima da cabeça, mas vou à procura dele, e se não o encontro em mim procuro-o nos outros. E tenho a sorte de ter outros dias assim,
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Sendo católico, com todas as minhas naturais falhas e debilidades, eu tento por todos os meios compreender a Igreja que amo e até que ponto ela está em consonância com o Cristo, que eu amo ainda mais. Hoje estava na eucaristia, na minha Igreja (de S. Pedro) a olhar para a representação do báculo, que em nada se assemelha ao cajado de um verdadeiro pastor. Pensava na enorme riqueza e poder do Vaticano, na vassalagem que teimamos em prestar aos Bispos como de Roma à cabeça, no facto de termos a sensação que o Concílio Vaticano II deve estar algures, nas profundezas de uma gaveta papal, na tremenda dificuldade que sentimos quando tentamos justificar todo esse poder e riqueza na sede de uma Igreja que se quer pobre e serviçal. Mas isto é uma coisa, com a qual eu concordo. Não podemos continuar  a servir a dois senhores conservando riquezas enquanto pregamos a pobreza. É contra-producente, é imoral, é profundamente anti-evangélico. Contudo, um outro aspecto bem diferente é a constante
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A verdade liberta-me. Sempre. Ainda que às vezes não o consiga entender na altura, ainda que muitas vezes também eu escolha varrer para debaixo do tapete, a verdade é que a vida me tem ensinado à saciedade que a verdade liberta-me. Sempre. No final da eucaristia de hoje estava na conversa entre amigos - aqueles amigos tão amigos que apesar de não nos vermos nos últimos seis meses conversamos sempre como se estivéssemos juntos todos os dias - e às tantas revelei algo que havia cuidadosamente omitido há alguns anos. Fi-lo não pensando no que disse, com o mesmo à-vontade de quem não tem nada a esconder - e não tenho, efectivamente - mas que para muitas pessoas é sinal de pouca maturidade, de uma personalidade pouco "adulta". Que seja! À medida que vou caminhando, que vou envelhecendo, apercebo-me que vivemos demasiado tempo em função de determinadas ideias feitas que não justificam, de forma alguma, esse nosso cuidado. Se é importante cuidarmos da nossa privacidade - e é
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Por vezes sinto que a palavra chave é cumplicidade. Aparentemente tão simples e efectivamente tão complicada! Não há nada como sentir que existimos para além de nós próprios. Isso pode-se verificar, ainda agora, em plena campanha eleitoral, na forma como os políticos nos olham nos olhos enquanto nos tentam vender as suas ideias. Tudo em nome de uma certa cumplicidade. Fictícia, claro está. Mas ainda assim... Eu gosto muito quando consigo ver nos outros mais que apenas os seus olhos. E normalmente não me escondo, também deixo que me perscrutem, também eu baixo as minhas defesas. Acredito que é isso que nos torna uns dos outros, gradualmente, lentamente, permitindo a descoberta mútua, aquela intersecção de vidas que contribui para o reconhecimento do "nós". Marcou-me muito este ano um dia de reflexão de uma turma onde muitos, apesar de estarem juntos há 3 anos, se confessavam perfeitos desconhecidos. Eu sei que é impossível ligarmo-nos com todos aqueles com quem nos cruz
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Causou-me sempre alguma impressão o cuidado que as pessoas colocam no amor. Tratam-no como se fosse algo raro, a utilizar com toda a parcimónia, com medo que se gaste se for excessivamente utilizado. Por isso entretemo-nos todos a gastá-lo aos bocadinhos, pedacinho a pedacinho, para que nunca nos falte. Nem a ninguém. E de um forma clara e abusivamente exclusiva: este, deste tipo é para ti; aquele, de outro tipo, é para ele; oh! acabou.se por hoje. Volta amanhã que eu vou tentar repor os stocks, ok? É caricatural, eu sei. Amar é algo de muito importante, implica muita responsabilidade, temos por isso que pensar muito bem em quem podemos amar, não é? Não, não é. Lamento, mas não é. Porque me hei-de limitar? Porque é mau amar muitas pessoas? Ter muitos amigos? Estarmos completamente apaixonados, embrenhados, envolvidos de corpo e alma, na vida? Se fecharmos os olhos e pensarmos em pessoas que amaram muito, quem vemos? Pessoas que valem a pena? Pessoas que viveram assim-assim? Pessoas
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Se há alturas em que me detesto profundamente é quando sou obsessivo. E sou-o com as coisas mais inúteis e estúpidas do mundo: um programazinho do computador que não funciona como eu gostaria, um qualquer objeto sem interesse nenhum que eu não me lembro onde coloquei, algum risquinho num dos meus equipamentos.... Fico fora de mim. Várias vezes. A primeira é quando me apercebo do que não funciona ou perdi. A segunda é quando me apercebo que estou a perder muito tempo com uma coisa que manifestamente não vale a pena. A terceira é quando isso não me sai da cabeça, por muito que eu me esforce. Hoje, quando vinha para cá, a Belita dizia-me que eu tenho dupla personalidade, que quando me salta a tampa - ia escrever a trampa ;-) - me transformo. E eu acredito que ela apenas pecou por defeito: mais que duas personalidades, eu tenho para aí uma boa meia-dúzia, e qual delas a pior. às vezes dá-me vontade de fazer Ctrl+Alt+Del para reinstalar todo o software cá por dentro, limpinho de vírus,
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Enquanto Moçambique não chega, combato o cansaço fazendo aquilo que normalmente faço quando se aproxima o fim de um qualquer ciclo: analiso o que fiz, revejo o que experimentei, revisito o que senti, para tentar perceber se este foi ou não um tempo desperdiçado. Não são critérios muito rigorosos, aqueles que utilizo para estas avaliações. Tento perceber se cresci, se porventura sou mais do que era quando comecei: mais rico, mais humano, mais consciente das minhas limitações, mais próximo. Sou benevolente comigo próprio. Apercebo-me sem dificuldade que tenho mais olhos na minha vida, que reconheço mais pessoas quando se cruzam comigo, que me sorriem mais e que sabemos ambos porque sorrimos. Tenho também mais vidas em mim, mais cumplicidades, mais preocupações quando não sei se estão bem, mais alegrias quando me certifico que a sua vida corre. Tenho também mais de mim em mais pessoas, o que, porque não é de matemática que se trata, me multiplica em vez de me dividir. Porque tenho
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Uma boa notícia e outra péssima. A boa é que isto volta a ser possível. Depois de dois dias em que pensava ter perdido os posts, o blogspot voltou a carburar. Perfeito! Creio que os blogues são, nesta altura, uma das mais importantes fontes de conhecimento. Claro que há muita palha, muita coisa que não interessa nem ao Menino Jesus, mas quem, como eu, já anda por estas bandas há alguns anos, já consegue distinguir o trigo do joio. E o facto é que desde a ciência, à religião, passando pela política, artes e informática, este é um meio fundamental para nos mantermos a par do que de melhor e pior se faz por esse mundo fora. E de alguns dos nossos amigos. A péssima é que o Olhares de repente deixou de permitir copiar as suas fotos. Este blogue fica assim incomensuravelmente mais pobre. Foram muitas as vezes em que as fotos eram a única coisa que valia a pena nos posts. Creio até que para a maior parte das pessoas os textos são perfeitamente irrelevantes, porque apenas a mim me dizem r
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Os meus filhos e outra malta nova perguntam-me muitas vezes como é. Como é amar a mesma mulher há 26 anos, como é deitar e acordar todos os dias a seu lado, do que conversamos durante estes anos todos - ainda por cima quando trabalhamos no mesmo sítio - se ainda temos motivos de conversa ou se a nossa é já uma conversa acabada. Perguntam-me o que vi nela, como soube que era ela, como ainda sei que é ela, se não me arrependi, se não desejaria que tivesse sido diferente... Aqui há uns tempos chamavam-nos "o casal-maravilha". Graças a Deus deixaram-se disso. Como eu detestava! O meu casamento é tudo menos pacífico. O nosso amor, esse é pacífico, mas o amor, por si só, nunca chegou para sustentar um casamento. A nossa vida em comum é muito feita de quotidiano, de dia-a-dia, de vida vivida, sem muitos floreados. É muito feita de conversa e mais conversa e mais conversa ainda, da capacidade de conversarmos sobre as mesmas coisas as vezes necessárias de forma a que, lentamente, p
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O meu mano novo acabou de me ligar: estava a chegar a Fátima, depois de ter saído daqui no passado domingo. Fiquei feliz, claro. Muito feliz. Curiosamente, ele nunca foi dessas coisas: tem uma maneira muito própria de viver a sua fé, muito diferente da minha, que gosto sempre de ir bem fundo em todas as questões. Ele vive a fé com a naturalidade de quem respira, sem se questionar muito, sem se martirizar muito, até sem se comprometer muito. A sua fé faz parte da sua vida, está muito ligada ao nosso RH+, aos nossos amigos de muitos anos, que ele viu a crescer, que ele formou e de quem continua a ser o verdadeiro fundamento. A nossa relação é muito fora do comum - toda a minha relação com os meus irmãos e os meus pais é muito fora do comum - muito feita de ausências de palavras, de respeito pelas enormes diferenças que nos unem, mas de um enorme, imenso amor que nos une. Não me lembro de alguma vez termos discutido forte e feio, de alguma vez nos termos zangado, de alguma vez não te
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Gosto de passear pelo meu pensamento, de o deixar fluir à vontade, sem eira nem beira. Lembro-me muitas vezes de Mandela, quando afirmou que era dessa maneira que se libertava: o corpo estava aprisionado, mas o pensamento esse, era livre como um pomba.  Aprendo muito nesses meus devaneios. Revisito pessoas, relembro situações, recordo aulas e matérias estudadas, e tudo funciona como uma daquelas máquinas misturadoras: meto tudo no mesmo saco e de repente apercebo-me que tudo está ligado: pessoas, conhecimentos, situações, aprendizagens, tudo faz parte do mesmo, tudo tem como que um fio condutor, tudo se encaixa como as peças de um lego que me entretenho a construir. Não me sento a meditar, no silêncio e no escuro, à espera que estes passeios surjam. Nada disso. Acontecem muito de manhã, noutras alturas durante as minhas caminhadas, noutras ainda apesar de estar rodeado de pessoas. É como uma válvula de escape: faço as minhas sínteses, mato as minhas saudades e organizo o meu interi
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Já passei por alguns momentos bem difíceis, na minha vida. Alturas em que andei completamente desnorteado, sem saber o que fazer, com quem fazer, desvalorizando tudo e todos, ignorando tudo e todos, num processo auto-destrutivo que quase mudava a minha vida para sempre. Essas alturas foram sempre consequência de decisões que tomei quando estava inebriado de mim próprio, do meu pretenso sucesso, da minha total e completa cegueira acerca de mim próprio. Nessas alturas, Graças a Deus,  não me faltaram grilos falantes que me iam alertando ininterruptamente para o quanto estava errado nas minhas opções e na escolha do caminho a seguir. Em vão. Completamente cheio de mim, avançava até bater, estrondosamente, com a cabeça na parede. A minha sorte é que as mesmíssimas pessoas que antes me avisavam, continuavam lá para me levantar. Aprendi da forma mais dura que ficar cheio de mim é o meu maior perigo, o caminho mais curto para fazer asneira. E da grossa. Por isso fico sempre assustado quando
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Tivemos, ontem, um jantar maravilha. Estávamos quase todos, o ambiente era espectacular, e não fosse o nosso aspecto limpinho, diria que ainda estávamos em Santiago. Creio que posso afirmar que não foi apenas para mim que o Caminho, ou melhor, que Este Caminho foi muito especial. Porque ninguém sabia ao certo ao que ia, porque éramos "inocentes" na partida, porque nem sequer nos conhecíamos assim tão bem - e portanto não tínhamos expectativas, ou se as tínhamos, eram mais para o baixo - porque no fundo temíamos todos que a coisa não corresse bem... sei lá, mil e um motivos que nos deixavam um tanto ou quanto de pé atrás. Curiosamente, agora que penso em cada um dos que caminharam, não aconteceu aqui aquilo que eu já disse que aconteceu com Moçambique: aqui havia meia dúzia de pessoas que à partida nem sequer pensaria em convidar. Acredito que uma parte importante do sucesso da caminhada esteve justamente aí: cada passo, cada km, cada dia, revelava-nos, para além de situa
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Escrevo... apago. Reescrevo... volto a apagar. Procuro... não encontro. Hoje não sai nada em condições.  Por um lado, foi uma semana muito longa, muito dura, com muita coisa a tratar e muito pouco tempo para o fazer. Foi também uma semana repleta de noites (muito) mal dormidas, à espera que a Catarina chegasse a casa. Acresce ainda que foi uma semana de ressaca pois nas que a antecederam tive Santiago e a Irlanda. No sábado tive RAIZ aqui no Colégio... no domingo a festa do Ica e da Rita...E esta semana foi recuperação de trabalho, de estudo, reuniões e mais reuniões.... à noite tive terço e o jornal... Enfim... Chego ao fim desta semana de trabalho com a clara sensação que não posso com uma gata pelo rabo.  Completamente esgotado, física e mentalmente!  Daqui a pouco começarei a descontrair num belo dum jantar com uma bela duma companhia recordando um belo dum Caminho.  Hmmmm! Já me cheia a Fim-de-Semana!
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«No fracasso, há algo dentro de mim que se destrói. Destrói-se aquilo onde depositei as minhas esperanças. O importante, numa situação tão crítica como essa, é que eu próprio não seja destruído (…) No entanto, se entender esta situação como algo que se rompeu em mim para que o meu verdadeiro núcleo se manifeste de forma mais clara, poder-me-ei reconciliar com o fracasso. Nesse caso, isso não me rouba a minha dignidade e também não me oprime». O livro das respostas, Anselm Grün, (Paulinas, Lisboa, 2008). Não há coincidências. Por isso achei interessante ter lido hoje este pequeno excerto num dos muitos blogues que acompanho diariamente.  Ontem, numa das cada vez melhores sessões de formação para Moçambique, falamos de pontes, de projectos, de caminhos, e, fundamentalmente, de encontros e desencontros. Uma das palavras que recortei foi justamente fracasso. Porque conheço bem o seu sabor, porque conheço bem o seu poder destrutivo, mas também porque sei bem como nos pode alicerçar na
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Todos acompanhamos ontem as notícias acerca da morte de Bin Laden, a alegria que foi para uns, a histeria que foi para outros, o medo de eventuais represálias, e tudo aquilo que irá alimentar os media até à próxima notícia bombástica. Curiosamente, no dia anterior, acontecera mais ou menos a mesma coisa mas no pólo oposto da vida: concentraram-se milhares de pessoas na Praça de São Pedro para celebrarem juntos a beatificação do Papa João Paulo II. Dei comigo a pensar de como por vezes me esqueço do poder dos indivíduos. Talvez porque dê tanto valor ao que é feito em grupo, em comunidade, tendo a esquecer-me que nada se faz sem que alguém, na maior parte das vezes na solidão da sua individualidade, dê o primeiro passo. E de como esse passo pode ser decisivo para tanta gente. Tanto Bin Laden como João Paulo II eram homens religiosos. Ambos viviam em função da sua fé, ambos a professavam com igual fervor e tenacidade, ambos possuíam um carisma tal que arrastavam multidões. Por cau
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Não é que eu não tivesse gostado dele. Nem sequer que eu ache que não mereça ser santo. Nada disso. Mas desagrada-me sempre o culto da personalidade, qualquer que ela seja. Estava em Santiago no Domingo de Ramos. Quem celebrou a Eucaristia do Peregrino foi, creio eu, um cardeal ou um bispo lá do sítio. Durante a procissão que antecedeu a eucaristia, ele era quem levava a palma maior, mais bonito, mais cuidadosamente trabalhada. Não consegui deixar de pensar que, como testemunho do que é Jesus, era um pobre exemplo para nós cristãos. Eu sei que é perfeitamente utópico pensar que alguma vez os bispos, os padres, ou até nós, leigos. alguma vez teremos a coragem de assumir na prática o serviço de Jesus. Que nos deixaremos de rococós sempre que o Bispo vem à paróquia, que sejamos simples como todos os dias somos simples quando o pároco vem jantar a nossa casa, e nos deixemos de colocar as pessoas num pedestal. Eu sei que isso nos está entranhado, que fazemos o mesmo sempre que recebemo