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A mostrar mensagens de janeiro, 2016
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Durante este fim de semana irei estudar com o meu filho. Filosofia. A origem estrutura dos valores, qualquer coisa deste género. Mesmo a calhar! Tomara eu saber a origem e estrutura do pão de forma, quanto mais a origem e estrutura dos valores. Tomara eu saber o que me faz decidir o quê, o que me faz escolher o quê, o intrincado mecanismo que me foi construindo e desconstruindo com a sensatez e a beleza e o bom cheiro de quem coloca e retira as camadas de uma cebola até dar aquele produto final, porventura até, na sua idiossincrasia, agradável aos olhos, mas tão desagradável assim que nos aproximamos dela e lhe tocamos e a cheiramos e a choramos, camada após camada. Não sei, nunca soube, tive sempre uma dificuldade tremenda em entender porque me devo dividir entre o que quero fazer e o que devo fazer. Num mundo perfeito - numa pessoa perfeita? - esta questão não deveria sequer ter lugar. O que eu quero deveria ser sempre o melhor, ou então o melhor deveria ser sempre o que eu quer
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Tenho um fraquinho forte por pessoas. Principalmente malta nova. Principalmente aqueles cujo potencial permanece escondido sob várias camadas de timidez, falta de amor próprio, de conhecimento de si. Poder participar no seu desvelamento é um privilégio apenas comparável à tremenda responsabilidade que acarreta. Na nossa caminhada nunca sabemos bem o que nos marca indelevelmente. Por vezes acreditamos que são os momentos grandes, as grandes obras, os grandes filmes, as grandes conversas, mas surpreendo-me a recordar qualquer coisa de uma qualquer BD das dúzias que li em miúdo, uma qualquer conversa com alguém que chegou e seguiu mas que disse algo que na altura até passou despercebido, uma fala qualquer de um filme de terceira categoria que, de tão banal, encontra na vida vivida muitas oportunidades para se manifestar. São frases, pensamentos, letras de música que de repente fazem sentido e dão sentido quando mais precisamos. Talvez por isso, raramente me inibo de dizer algo que
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Quem nos visse, aos sete, bem dispostos e a rir às gargalhadas, facilmente esqueceria o lugar onde nos encontrávamos. Tínhamos ido visitar o Jorge e aquela sala de visitas parecia a sala da nossa casa. Ele, olhos vivaços, a falar até não poder mais, a brincar até não poder mais, desinibido como não o conhecíamos antes; nós, felizes, imensamente felizes, por podermos estar ali com ele, depois do acidente, depois do horror, depois do medo, depois de o julgarmos perdido para sempre. "É um milagre!" Isto, dito por um dos meus filhos, gerou a contestação de outro "foi um ato médico, não um milagre". Sorri. Espero que os meus filhos médicos não se esqueçam que os milagres fazem parte da vida de todos nós. Que não têm que ser anunciados a partir de uma luz vinda do céu que nos deixa maravilhados com as coisas de Deus, mas que têm uma luz que irradia das pessoas que se esforçam por dar mais vida aos outros, nas suas mais variadas formas, nas suas mais variadas competên
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Pensei eu, erradamente (as coisas que eu penso erradamente davam para fazer um novela!) que por esta altura já não sonharia. Ainda há pouco tempo, num dos dias de reflexão, perguntaram-me qual era o meu sonho. Curiosamente, deu-me uma branca e respondi uma banalidade qualquer. Para além de aquela não ser a altura nem o interlocutor ideal para grandes renovações, a questão é que não tinha havido grandes espaços para sonhos. Já plantei árvores, já fiz filhos, vou escrevendo por aqui (e isso chega-me, obrigado) e já não há nada de substancial que  me faça querer mover montanhas. Deveria, portanto, passar a sonhar menos e a dormir melhor. Pois... Hoje fui caminhar. Como tem acontecido sempre à quarta-feira, quando chego tudo é cinzento. À minha volta, as nuvens anunciam tempestade, o frio entra-me pela gola dentro e nem o bolso do casaco me aquece as mãos... quanto mais a alma! Quando regresso ao carro, no entanto, o panorama alterou-se radicalmente. Sento-me ao volante mais feli
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Todos os dias cumpro o meu pequeno ritual: chego, tiro o moleskine e o computador, ligo-o, abro, invariavelmente, os mesmos programas, dou Graças e inicio o meu dia. Creio que terá sido em Taizé que comecei a valorizar estes rituais profanos que me introduzem no quotidiano. Mesmo agora, que tenho a cabeça já lá, antecipo com muito gozo o chegar ao calor daquela igreja, despir o casaco, descalçar-me, sentar-me, e deixar que o espírito me invada e tome conta dos meus pensamentos. Ao fim de alguns dias a fazê-lo penso no ritual japonês do chá, que nós não conseguimos entender, mergulhados na nossa pressa de viver. Comecei ontem a ouvir o que oiço todos os anos: que já tenho a cabeça em Taizé. É verdade. Por um lado, tem mesmo que o ser. Imperativos de organização fazem com que tenha que organizar ideias e momentos e ficheiros e contactos em função daquela semana de excelência. Mas, tal como acontece com os meus quotidianos rituais profanos, há já um gozo de antecipação, um mergulhar
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Raramente é bom sinal não conseguir escrever. Sento-me e começo, por meia dúzia de vezes, apago e levanto-me outras tantas. Por mais que tente, por mais que queira, as palavras atabalhoam-se como se se tivessem lançado todas, de cabeça, para um funil e aí permanecessem, desordenadamente, aos magotes, à espera do rumo que eu ainda lhes não consigo dar. E não é apenas aqui, no blogue, que isso acontece. Mesmo quando pego na caneta e começo a tentar traçar o esquema que me foi indicado por sabedoria amiga, dificilmente paço da primeira meia dúzia de rabiscos. A uma questão sobrepõem-se logo outras que exigem respostas e que permaneciam adormecidas há bastante tempo. E, novidade das novidades, começo a ter a perceção que tempo é algo que se me começa a escapar por entre os dedos. Ontem, na homilia, a minha cabeça anda à volta de tudo isto. Da vontade de me serenar, da necessidade de me serenar, da imperatividade de me serenar interiormente para que possa traçar rumos. Tento escutar
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Estávamos todos a ouvir o Fredo, emocionados até à medula - há vidas onde parece que aconteceram trinta vezes mais coisas que nas nossas e em metade do tempo - e eu pensava numa conversa que tivéramos alguns dias antes. O desassombro com que se assume a própria vida, sem máscaras ou fantasias, é essencial para que o encontro pessoal possa servir de catapulta para novos voos. Eu levei muitos anos a perceber a inevitabilidade de o fazer, de tão entretido que andava a brincar às pessoas, num processo que parece não ter fim porque volta e meia regressa à base com pontas ainda (mais) soltas. E sempre, sempre, a partir de motores fora de bordo, como eu lhes chamo. Pessoas que me conseguem ler com uma facilidade que me desconcerta sempre, que me dizem coisas que me chocam à partida mas depois vão fazendo caminho, lenta e progressivamente, por entre as fissuras que o tempo e a vida não conseguiram sequer disfarçar. Pessoas muito diferentes entre si, por vezes diferentes para mim, mas que têm
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Ontem foi o primeiro dia do resto da vida da Ana. No domingo já a tínhamos deixado em Vila Real, onde vai ficar este ano, e regressado de mãos vazias e coração apertado. É o nosso primeiro rebento adulto, que já tem o seu próprio apartamento e o seu próprio destino entre mãos. Ontem, ao jantar, perguntei em tom de brincadeira se ela não viria jantar. Foi o suficiente para ficar um pequeno silêncio... por pouco tempo. Tem havido uma espécie de preparação natural lá em casa, a partir da altura em que eles entram para a faculdade: uns dias vêm jantar, outros não, já nos conseguimos deitar apesar de alguns não estarem ainda em casa, já conseguimos adormecer com o sobressalto de não termos as camas todas ocupadas. É uma passagem facilitadora para nós que, pais galinhas e filhos pintainhos, fomos vivendo a vida toda juntos. Torna as coisas menos difíceis, ainda que antes de ir para a cama tenha ido ao quarto dela, como faço sempre, e o tenha visto arrumado. Está mesmo noutro lugar! Onte
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Volta e meia ainda sigo bons conselhos. De pessoas em quem confio, a quem reconheço sabedoria profunda e que sei que me amam profundamente e por isso me posso entregar a elas completamente sem rede. Como digo algumas vezes, pessoas assim não têm idade, raça ou género, têm alma, que normalmente é o nosso ponto de partida desse encontro mútuo. Comecei este ano com vários propósitos e um deles é justamente, seguindo (lá está!) um bom conselho, redefinir rumos. Pode parecer estranho porque ainda este ano pretendo festejar o quinquagésimo aniversário e por isso tudo deveria estar já consumado, mas assim que me recolho parece-me sempre que está tudo muito mais para o consumido que para o consumado e descubro sempre que há ainda muito caminho para fazer. E este parece-me um bom ponto de partida. O que me consome? O que me impele a irrequietude e os bichinhos carpinteiros que me impedem de serenar? Porque não estou eu ainda em condições de serenar? O que me falta? O que me sobra? O que
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Tinha acabado de entrar no carro com os meus filhos quando ouvi bater no vidro. Olhei e não quis acreditar, tal era a alegria. Desde há vários anos que nos vamos vendo apenas no Facebook e agora aqui estava ela, igualzinha apesar dos anos que passaram, a mesma cara de gaiata, o mesmo sorriso aberto e contagiante, os mesmos olhos vivos e sempre atentos, como desde sempre me recordava. "Continuo com mau feitio" dizia ela por entre gargalhadas enquanto olhava para o seu marido procurando confirmação. Rimo-nos imenso, desejamo-nos mutuamente bom ano e fomos à nossa vida. Com um sorriso maior no olhar. Tenho sempre muitos mixed feelings no que respeita à amizade. Ora bate intensamente, ora adormece até novas instâncias e de repente desperta com uma saudade imensa e me apetece enviar mensagens a toda a gente. Ainda ontem vi uma data de pessoas que estavam num qualquer programa online e lá tive eu que começar meia dúzia de olás para logo a seguir os apagar sem os ter enviado.
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Serenidade - Alegria - Verdade - Liberdade Apesar de não ter saído, esta foi uma noite mal dormida. Ter os meus filhos na gandaia não ajudou, é claro - há coisas que levam tempo a habituar-me! - mas não foi apenas isso. Pensava no ao que acabara, pensava no ano que começara, pensava no que queria da vida, pensava na tarefa que me comprometi a fazer e que, espero, me ajude a redefinir o rumo a seguir. Toda a noite tive por companhia estes quatro companheiros: Serenidade, Alegria, Verdade, Liberdade. Apresentaram-mos há pouco tempo com uma intencionalidade e firmeza nunca antes tidas em tal linha de conta e desde então têm feito o seu percurso cá por dentro. Serenidade, Alegria, Verdade, Liberdade. Esta noite, por entre sonos e sonhos mal amanhados, pareceu-me um bom conjunto de referências para o ano que agora se inicia. Como uma noite de insónias dá para tudo, elaborei planos e atitudes e posturas e decisões para que pudessem assumir, também para mim, a intencionalidade e firmez