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A mostrar mensagens de abril, 2011
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Não. Ainda não recuperei. Ainda estranho quando nos cruzamos nos corredores e não vejo nem sinto nada nas costas. Levo sempre muito tempo a recuperar. Diria que se trata de um desmame difícil, se o termo não fosse tão feio. Mas de facto ainda sinto que nos vamos lendo nos olhares que se cruzam, ainda sentimos que, de alguma forma, estamos a continuar o caminho, que não queremos deixar de caminhar. Ainda achamos esquisito estarmos juntos num ambiente completamente diferente daquele que partilhamos, ainda nos debatemos com as palavras de circunstância, que nunca são suficientes para quem viveu o que juntos vivemos, para quem partilhou o que juntos partilhamos, para quem se superou como juntos nos superamos, E a palavra chave aqui é mesmo esta: juntos. Porque juntos fomos mais, bastante mais que a soma das nossas individualidades. Assisti a muitos "estou de rastos" que miraculosamente se transformaram em "anda lá, que já falta pouco" perante alguém em dificuldade.
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Sou um admirador de Mourinho. Extremamente confiante, extremamente dominador, extremamente senhor de si e das suas opiniões, habituado a existir contra tudo e contra todos, Mourinho é a perfeita antítese de tudo aquilo que eu sou. Também por isso o admiro. Contudo, há uma coisa que me deixa sempre impressionado nestas pessoas que são cheias de si: a determinada altura perdem a noção do equilíbrio, da necessidade da presença dos outros na sua vida, e tornam-se arrogantes, convencidas, intratáveis, até. Tudo aquilo que eu detesto em alguém. Na verdade, não tenho a certeza se ambas as coisas não terão que andar juntas: a confiança com a arrogância, o lutar contra tudo e contra todos com a inflexibilidade. Por vezes penso que são duas faces da mesma moeda, são como que gémeas siamesas, absolutamente inseparáveis e interdependentes. O problema é que nestas alturas recordo com facilidade personalidades como Gandhi, a Madre Teresa ou Mandela - já para não falar em Jesus. Pessoas extrem
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Por vezes deixamo-nos viver no mundo das sombras, alimentamo-nos de pequenas ilusões confiando que dessa forma o nosso mundo é bem mais seguro e confortável. Face à dificuldade que sentimos em lidar com a incerteza que decorre da liberdade dos outros, apressamo-nos em catalogá-los, em etiquetá-los, em colocá-los nas respectivas prateleiras, de forma a tê-los convenientemente arrumadinhos. Pura ilusão! Se há coisa que tenho aprendido nestes últimos tempos é que os outros são sempre uma surpresa. Basta proporcionar-lhes determinadas situações, enquadrá-los com determinados desafios, ligá-los com as pessoas certas que, com maior ou menor dificuldade, a sua verdade vem ao de cima. O curioso é que esta verdade é muitas vezes desconhecida para o próprio. Porque também nós nos etiquetamos, nos catalogamos e nos refugiamos nos nossos pequenos mundos e nos assustamos com o que poderíamos fazer, limitando-os ao seguro e confortável mas terrivelmente previsível... e pequeno, somos os prime
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Descobri recentemente que por vezes o meu olhar é algo indiscreto. Que por vezes posso ser invasivo, que quebro armaduras laboriosamente construídas, muralhas edificadas, que supostamente serviriam para proteger o anonimato. Ou melhor, o isolamento, no qual alguns se refugiam. Por vezes esta forma de olhar pode ser defeito. Noutras, estou certo, será virtude. Não fomos concebidos para sermos pequenas ilhas ambulantes, entretidos a cuidar do nosso próprio ecossistema, indiferentes àqueles que por nós passam para saciar a sua sede. Não fomos criados e amados para desfrutarmos dos nossos dons, a nosso belo prazer, enquanto a vida se passa lá fora, se possível bem longe de nós. Preferi sempre acreditar mais em pontes que em muralhas, em caminhos que em muros, em partilhas que em defesas. Claro que nem tudo são rosas. Demasiadas vezes falo demais, argumento demais, fico tão cheio da minha pretensa clarividência que a única coisa que consigo é magoar alguém. Nessas alturas arrependo-m
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Há, na vida, momentos assim: de descoberta de pessoas verdadeiramente grandes - ainda que não o saibam - de redescoberta de amizades profundas, que reservam um lugar privilegiado bem dentro de nós. Há, na vida, momentos assim: marcantes, inolvidáveis, permanentes, porque apenas se deve permitir que o verdadeiramente bom permaneça. Há, na vida, momentos assim: em que me sinto quase completo, quase correspondido nesta minha ânsia profunda de conseguir ser sempre mais. Há, na vida, momentos assim: em que sinto que tudo vale verdadeiramente a pena: o esforço, o compromisso, o tremendo cansaço, a imensa saudade daqueles que são o meu tudo. Há, na vida, momentos assim: de uma boa conversa quando menos se espera, de aprendizagem mútua, de crescimento mútuo, de partilha profunda. Há, na vida, momentos assim: de oração viva e permanente, quase sempre silenciosa, de verdadeiro encontro comigo próprio e com Deus nos outros. Há, na vida, momentos assim: em que me sinto verdadeiramente vivo
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Estou completamente de ressaca. Total e completamente ressacado! Durante alguns dias andei inebriado de cansaço, de compromisso, de dores até. Dores de pés, de ombros, de músculos, no joelho... Durante esses mesmos dias andei inebriado de gozo pelo que via, pelo que sentia, pelo que aprendia com aquelas lições sem palavras, que são as que verdadeiramente nos enchem por dentro. Eu sei que começa a ser um lugar comum na minha vida - e isso é mau? -mas tenho a sorte de participar em actividades rodeado de pessoas fantásticas. São miúdos verdadeiramente espectaculares que têm a capacidade de me surpreender a cada momento. São companheiros de jornada, de sofrimento e de alegria. A Peregrinação a Compostela levou-me a um patamar que eu ainda desconhecia na minha vida: aliar os limites físicos aos psicológicos, pensar e sentir que já não se pode mais e ainda assim ter que continuar, muitas vezes a ajudar outros, noutras a ser ajudado, é uma lição de humildade e companheirismo que me
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Quem me conhece sabe bem com eu gosto de descobrir coisas novas, simples, cheias de sensibilidade, e de como isso me faz bem. Ajudam-me a acreditar na vida, a ter a certeza que, apesar de tudo, vou acertando em algumas das minhas decisões. São como pedacinhos de vida que vão administrando à minha própria vida, dando-lhe mais sentido. Normalmente essas vitaminas têm muito a ver com a família, com a fé, com a possibilidade do amor completo e total entre um homem e uma mulher. São coisas que não estão de acordo com modas e modinhas mas que existem desde sempre, porque desde sempre têm o condão de tornar as pessoas mais felizes, mais completas, mais próximas do céu. Porque, apesar de tudo, não encontrei ainda ninguém que não desejasse, bem no seu interior, com todas as forças, ser amado tal como é, apesar do que é. O que encontro, isso sim, são pessoas que se conformaram com a aparente impossibilidade de isso acontecer. Porque não conseguiram esperar, porque desesperaram, porque não a
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Continuo a pensar que um de nós está enganado. O nosso primeiro pensa que o nosso principal motivo de queixa é a situação económica do país. Não é. O meu, pelo menos, não é. A economia está destruída, as finanças não existem, não temos dinheiro para mandar cantar um cego. Mas isso não é causa de coisa alguma, mas consequência. E é justamente disso que eu me queixo: do que originou isto tudo: falta de carácter. Pois é, meu Primeiro. Estou cheio de jogadas de bastidores, de confusões, de espertices, de mentiras, de roubalheiras, de amiguismos, de incompetência, do tapar o sol com a peneira, de falsidades, de varridelas para debaixo do tapete, de me fazerem de burro, de desperdícios, de automóveis caros, de autoestradas vazias, de tgvs, aeroportos, de reformas miseráveis, de aumentos de ordenados para ganhar eleições, de jamés, de licenciaturas dominicais, de falsas habilitações para estatística ver, de intromissões na vida pessoal de cada um, de imoralidades, de atentados contra a fé