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A mostrar mensagens de outubro, 2013
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Eu sei que é estúpido, mas nunca me vi como fisicamente frágil. Tive sempre a sensação que, fisicamente, era capaz de tudo. Poderia levar um certo tempo, poderia exigir um trino especial, mas não há nada que nunca tivesse conseguido. Talvez por isso tivesse uma altura em que gostasse tanto do ginásio: fazer exercícios de pernas com mais de 100 kgs dava uma enorme sensação de impunidade. Aliás, a primeira vez que senti limitação física foi no Caminho. Cometi a sobranceria de não fazer qualquer preparação e o segundo dia custou-me horrores. Lembro-me dos últimos 5 kms desse dia como dos momentos em que mais tive que me superar. E que comecei a aperceber-me que já não tenho 20 aninhos. Hoje, por sinal, fiquei de cama o dia todo. Gripe, penso eu, que destas coisas não percebo nada. Febre, dores nas articulações, intensíssima dor de cabeça e tonturas quando me ponho de pé. Nada de importante. O que importa mesmo é que, quando estou assim, vivo como que um regresso à infância. Não sei
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Ontem à noite, enquanto íamos para casa, dizia que atravesso um período de verdadeira felicidade profissional. Corro como o caraças, os meus dias são demasiado curtos, mas tenho chegado à cama sempre com a sensação que foi um dia bom. Uma das minhas filhas disse que era espantoso que eu, depois do que estudei , trabalhei e sofri noutras áreas, me encontrasse finalmente a fazer o que eu faço.. e que adoro fazer! Apesar de gostar muito de conversar com os meus filhos, de estar sempre atento aos acontecimentos das suas vidas - sobretudo à forma como vão lidando e superando os acontecimentos menos bons - apesar de eles me lançarem aqueles olhares que apenas os filhos lançam aos pais quando sabem que vem aí conselho moral, apesar de não conseguir - nem querer - evitar esse momentos de cima para baixo, sei bem que nada fala mais alto que o exemplo. O facto de os meus filhos terem sentido na pele, da forma mais dura, os efeitos do meu insucesso profissional e pessoal, o facto de eles ter
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O meu sogro, homem de parca formação mas de enorme visão - e que me topou logo que me pôs a vista em cima - achou sempre que eu falava demais, que tinha um lado basófias que lhe custava mito a engolir. E não se enganou. No sábado fui buscar os tios velhinhos ao lar onde tinham ido fazer uma experiência. Era suposto ficarem lá um mês e não aguentaram sequer uma semana! Quando lá cheguei fomos todos visitar as instalações Não eram nada de especial, nem boas nem más, mas não foi isso o que me impressionou. O tio dizia insistentemente que não se via ninguém, que ninguém ia para a sala de jogos "3 bilhares, Zé, e ninguém vai para lá" que a biblioteca "com mais de 1500 livros!" estava sempre vazia "só lá tem um velhote que pega no Notícias de manhã e nunca mais o larga" e que, fora isso, não se via ninguém "nem nos jardins, nem nos parques, nem nos corredores". Como sempre, achava que ele estava a exagerar: não era possível que uma casa com mais d
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Há quanto tempo não te faço eu uma oração Há quanto tempo não disponho do tempo e da serenidade para me encontrar contigo Há quanto tempo não pego no teu tempo - que eu penso sempre ser o meu tempo! - para to restituir, livremente, calmamente, como quem pega numa cadeira e se senta à sombra moçambicana e deixa o olhar fluir como quem pega num terraço e lhe junta a lua e deixa a noite fluir Há quanto tempo não me encontro connosco não converso connosco não repouso o olhar em ti e em mim para interromper esta sensação de sofreguidão que eu tanto detesto mas que me vicia, que me impele a prosseguir, que me faz correr, meio sonâmbulo, sem sequer me aperceber como deve ser da vida que passa por mim e em mim e de mim e até mim Há quanto tempo não me sento e junto de ti e em ti te digo: ok. Chuta. e me deixo estar, de olhos bem fechados a escutar os carros que passam lá fora a as crianças que brincam nos corredores os sons e os sinais que são vida que testemunh