202101281518
Chegam aqui entusiasmados. Conhecendo-os como os conheço, já sei porquê. No bolso têm raspadinhas ou então talões de apostas. Algo que os faça sentir momentaneamente ricos por pouco dinheiro. Ou não. No fundo nem é assim tão importante. No fundo nem saberiam ficar ricos. No fundo, é outra a intrínseca mecânica que os leva a gastar o parco dinheiro nas apostas. Em casa dos meus pais sempre se apostou. Eu dizia, em tom de (mais ou menos) brincadeira, que o melhor que havia lá em casa tinha sido resultado de uma qualquer aposta. A minha mãe, então, tinha essa entre outras imensas e funestas adições. Que me transmitiu geneticamente. Que eu aprendi a controlar Algumas. No final de um destes dias de trabalho ia a pensar nisto enquanto conduzia de regresso a casa. Neste factor esperança ou sonho ou possibilidade de futuro, o que se lhe queira chamar, e que me habita até à medula. Houve um tempo - muito tempo, demasiado tempo - em que pensei que isso acontecia porque não gostava da minha rea