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A mostrar mensagens de julho, 2021
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Normalmente, trabalho o evangelho de domingo durante a semana. Leio-o, vou-o rezando com a vida e depois, ao sábado, sinto-me apto para preparar os cânticos para a eucaristia. E às vezes, ao domingo, enquanto escuto a homilia, percebo que a minha percepção foi completamente ao lado. Assim aconteceu este fim de semana: eu apenas via o Bom Pastor e ambas as homilias das eucaristias em que participei abordaram a importância do descanso.  Dificilmente chegaria lá, nesta altura. Porque não é, ainda, altura do descanso e tudo em mim aponta em sentido contrário. Tenho diante de mim a perspetiva de duas semanas absolutamente cheias de trabalho, de actividades fora da caixa, que me envolvem o dia inteiro durante vários dias. Não chegam na melhor altura, depois de um ano que ficará para os anais da história como intenso e extenuante, mas serão como que a cereja em cima do bolo, permitindo, no seu final, que viva o que não consegui viver durante todo o ano letivo: a oração, o serviço e a entrega,
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  “As alegrias quotidianas permanentes são, para mim, tão importantes como os dias de júbilo, que passam fugazes.” Aquilo em que creio, Hans Kung   Final do dia, o habitual trânsito – devagar, devagarinho e parado – da VCI, o som suave do   Kind of Blue a separar o ambiente de dentro e fora do carro como se do Mar Vermelho se tratasse. À cadência dos minutos passados – tão lenta quanto o movimento dos carros que me envolvem -   sinto que o cansaço do dia intenso vai dando lugar à tranquilidade, serenando a cabeça, depois o corpo e, finalmente, sossegando a alma. Este é, a par com muitos outros ao longo de cada dia, um momento de puro prazer, de pura felicidade. Há não muito tempo desesperava, mais ou menos àquela hora, mais ou menos naquele lugar, mais ou menos com aquele trânsito. Ansiava por chegar ao destino, por chegar a casa, para poder, enfim, descansar de um dia igualmente extenuante. E aquela quotidiana viagem era terra de ninguém – que sempre foi, par
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  A maneira como sou reconhecido é, desde sempre, um dos focos da minha atenção. Tempos houve em que o era excessivamente, em que me preocupava de uma maneira quase obsessiva com o que os outros ficariam a pensar de mim, e isso acabava por me limitar e me levar a fazer asneira: para que ficassem apenas boas memórias, por vezes não fui carne nem peixe, ou fui ambos, o que é ainda pior. E ainda hoje recordo com frequência últimas palavras, ou últimas atitudes, ou últimas decisões que, se tomadas hoje, seriam diferentes e penso que, perante a eventual notícia da minha morte, gostaria de ir ter com algumas dessas pessoas e desfazer o que foi feito ou dito, ou deixado por fazer ou dizer. A verdade é que é importante para mim ser bem recordado. Com um sorriso, se possível.  À medida que a idade avança vou percebendo que isso não será, de todo, possível. Não com toda a gente, não com todas as situações, não com todas as circunstâncias. Ainda ontem, curiosamente, tive necessidade de falar gros
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  De todas as minhas facetas, aquela que me causa maior perplexidade e profundo incómodo é esta contradição que me habita. E que habito. Perplexidade porque tinha toda a esperança que, depois de uma vida atento às possibilidades de aprendizagem que todos os dias me trazem, chegasse por volta desta altura com maiores certezas. Bebo de todo o lado, não deito nada fora à partida, são escassas as certezas que tenho na minha vida, e, na minha imaginação, isso deveria funcionar como uma peneira, onde apenas o que é importante e certo e definitivo ficasse retido. Tolo!  Desde 19 de fevereiro que começo os meus dias, ainda antes de a manhã e eu próprio acordarmos, na elíptica - paralítica, é o nome que se lhe dá cá em casa. Apesar da música alta, batida e convenientemente ritmada, me ecoar nos ouvidos, começo invariavelmente de olhos fechados, meio a dormir, deixando que corpo e pensamento despertem com os seus ritmos próprios, à vez. E deixo-me fluir. Hoje, ao fim de todo este tempo, percebi