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A mostrar mensagens de fevereiro, 2015
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Desde muito cedo que aprendi que é Deus quem vem ao nosso encontro e que nos preocupamos em demasia em sermos nós a proporcionar esse encontro com Deus. Provavelmente terá sido isso que Deus me queria dizer sempre que aquela miúda giríssima interrompia o nosso jogo de futebol de rua e passava, como se todos fossemos invisíveis, a caminho do ensaio que iria inaugurar a capela nova. Tantas vezes ela passou, tantas vezes tivemos que interromper o jogo por sua causa, que acabei por ir atrás dela tentar a minha sorte, e apaixonar-me, numa espécie de dois em um, porque através dela descobri uma outra forma de vida, até então perfeitamente inacessível a todos os meus sentidos. Apaixonei-me por essa miúda, teria catorze ou quinze anos, e apaixonei-me por Jesus e a minha vida mudou. Ela foi a árvore que Deus colocou no meu caminho à qual tive que trepar para ver o meu Deus que passava diante dos meus olhos. Pensava nisto enquanto, numa daquelas belíssimas manhãs cheias de sol, caminhava pe
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Já o tinha intuído algumas vezes, nunca o tinha verbalizado, muito menos com a clareza com a clareza com que o fizemos enquanto caminhávamos naquela manhã gelada dentro e fora de nós: ao longo do que vai sendo a nossa vida, conhecemos, em determinadas - raras! - alturas, alguém que nos leva a pensar "noutras circunstâncias..." Recordei-me imediatamente do "How to make an american quilt", particularmente daquela cena que me marcou para a vida em que ele, depois de uma deliciosa conversa, recusa ir com ela porque tem a sua mulher à espera. E, ainda no filme, recordei como ela confessava que, de entre todos os homens que conhecera e com quem se aventurara, o único com quem quereria ficar era justamente aquele, pelo amor que ele tinha à sua mulher, pela fidelidade que ele mantinha com ela, justamente aquele, que fora o único que se negara a tê-la sem compromisso, como tantos outros a tiveram sem compromisso. E como ela desejava, mesmo depois de todo aquele tem
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Creio que terá sido há cerca de dois anos. Numa formação perguntaram qual era a nossa passagem bíblica, aquela que nos guiava, aquela à qual nos agarrávamos quando em aflição, aquela que nos inspirava nos momentos difíceis... Pensei logo em Job, o livro que eu sentia como meu desde que descobri a Bíblia e ao qual me socorri inúmeras vezes para encontrar algum alento e forças para não desisti. No entanto, sabia que a minha circunstância agora era outra, que a minha maturidade vai sendo outra também - tem dias! - e que, sobretudo, o sofrimento porque passara era isso mesmo: passado. Desde então fui ficando atento, sempre no Novo Testamento, sempre em Jesus, daquela passagem que me ligasse de forma especial à vida. Encontrei-a. Em Taizé. Numa das manhãs em que estava sozinho, na Igreja, a preparar-me para a oração, vi-a. Num improvabilíssimo Isaías 58, 9-12: "Se retirares da tua vida toda a opressão, o gesto ameaçador e o falar ofensivo, se repartires o teu pão com o esfomead
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Já tinha saudades! Do barulho das ondas, do cheiro salgado da manhã, do vento frio a bater, do permanente louvar a Deus pelo início de mais um dia, pela beleza que me rodeia, por ter um lugar que sinto como meu. Sou um homem de manhãs. Talvez porque seja o princípio, talvez porque nessa altura do dia tudo seja ainda planos e projecções, e perspectivas e boas intenções. Talvez porque. nessa altura do dia, não tenha ainda nada para avaliar, não tenha ainda feito o balanço do dia e por isso não tenha falhado em nada, ainda.Talvez porque deixo isso para a noite, para todas as noites, quando me coloco na balança e constato, invariavelmente, o tanto que ainda me falta! Há estados de alma que levo tempo a processar. Muito tempo! Particularmente quando sou mexido por dentro, quando sou tocado no mais fundo do que sou, quando tenho a sorte de me sentir abençoado (abensonhado - como me ensinaram a dizer!) por quem me faz sentir amado. Por isso, também por isso, este Taizé que ainda lateja
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Têm-me dito - e feito sentir - que já não penso noutra coisa, que o meu coração está já bem longe, bem separado do resto do corpo, numa pequena aldeia francesa. Sorrio - desde há muito que me apercebi da inutilidade de tentar desfazer ideias feitas - suspiro, e sigo adiante. É ainda muita coisa que tenho que preparar, que tenho que cuidar, que tenho que trabalhar, antes sequer de incorporar que daqui a poucos dias estarei em Taizé. Ontem, no RAIZ, uma irmã comentava a correria que tem sido a minha vida, sempre daqui para ali, com vários fins de semana ocupados, com vários jantares familiares em falta, e questionava-se (me) se a família não se ressentia da minha ausência. Não é uma questão nova, esta. Já nos era colocada quando a minha mais-que-tudo ia para as colónias ou para Portalegre ou eu ia para retiros. Quando pudemos, arrastamos os filhos, pequenitos, atrás de nós. Dormiam no chão como nós, participavam nas colónias como nós e estávamos todos juntos em todas as atividades me
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Fiz-lhe o convite. Novamente. Não vi. Não precisei. Antecipara com extraordinária facilidade os seus olhos a brilhar. Há coisas que não precisamos ver. Há pessoas de quem não precisamos ver. Porque não precisamos de comprovar nada, tal é o nível de compromisso, de simbiose, de partilhada de vida vivida. E sentida. E caminhada. Enquanto se caminha. Há pessoas de quem sabemos antecipadamente, com gosto, com gozo, com a alegria que sentíamos em miúdos quando sabíamos que iríamos fazer felizes. Que iríamos ser felizes porque fazemos felizes. Quando a vida era simples, simples, tão simples que os porquês não tinham lugar nas brincadeiras, nem os comos, e muito menos os talvezes. Era o reino dos porque nãos em que fechava os olhos e saltava, inconsciente, sem medir nada nem ninguém, sem medos, sem consequências outras que não fossem as ditadas pelas horas imensas de imensa brincadeira. Desses tempos, que não foram apenas "esses tempos" mas também "outros tempos" que nã