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202405020900

Todo o evangelho de domingo fala de amar. Não tanto de amor, mas de amar. É muito diferente. Amar implica-me, é ativo, é carne, é dia, é vida vivida, não é apenas uma palavra bonita mas é ação. Á qual se podem juntar palavras ou silêncios, mas tem sempre presença. Que até pode nem ser física, pode estar do outro lado do mundo - na Amazónia, por exemplo - que não perde intensidade, que não ganha racionalidade. Amar não fala a linguagem da possibilidade, mas da inevitabilidade. Eu não consigo deixar de te amar, apesar de, racionalmente, tudo me empurrar em sentido oposto. Amo apesar de mim. Sempre. Das minhas conveniências, do meu interesse, da minha racionalidade. Amo muitas vezes com o incómodo de ter de sair do meu lugar, do meu sofá, do meu conforto, da minha indisponibilidade mental e emocional, porque o abalo é tanto que não importa nada o que eu quero ou o que me é mais conveniente. E quando importa, é sinal que amo mais a mim que a ti, que me ponho no centro do amor, que sou o al

202405020800

  0800  A esta hora, na Sala dos Professores, o que mais se ouve é “Bom dia”. Para muitos, é mais um ritual daqueles que usamos sem pensar. Para outros, no entanto, é mesmo a formulação de um desejo: que este seja, efetivamente, um bom dia. E logo de seguida tudo fervilha a um ritmo alucinante. Olhos nos computadores, breves conversas para concertar mútuos procedimentos, arranjos de última hora para que apenas falhe o mínimo possível, pedidos e aceitações de propostas de trabalho com as turmas. A Sala dos Professores é um lugar muito interessante, assim como a mesa de uma família. Aqui estamos à vontade, aqui acontecem encontros e desencontros, aqui se dizem coisas que dificilmente serão repetidas fora desta sala pois não são mais que meros desabafos mais ou menos sentidos. E estamos a chegar àquela altura do ano em que o que mais se vê são rostos fechados e o que mais se ouve são grunhidos guturais de quem está focado no que tem que fazer. Está aí a pressão do final do ano, uma pressã
A Isabel disse-me que me sentiu com menos energia na oração de envio para o Rumos. É verdade. Eu também a sinto. A idade é lixada. Já não é o mesmo frenesim, a mesma garra, a mesma alegria esfuziante. As coisas até se fazem, mas é mais a custo, menos natural. É giro como a idade nos vai moldando. A sensação é que vida vai pedindo coisas diferentes. A dificuldade maior não é aceitar que esse processo está em curso. A dificuldade maior está na gestão desse processo. Entender e fazer entender que as coisas não são como dantes. Nem voltarão a ser. Porque mexe com hábitos - próprios e dos outros - expectativas - próprias e dos outros - compromissos - próprios e dos outros. E quase sempre com a gestão própria posso bem. Difícil é gerir os outros, sobretudo as suas expectativas.