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A mostrar mensagens de setembro, 2018
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Nós temos uma expressão: ir de fátima a nazaré. Estávamos nos primórdios da nossa vida, em fátima, num dia de calor sufocante, e eu tive que lhe pegar literalmente ao colo, enfiá-la quase à força no carro e levar-nos à nazaré, onde pudemos respirar um outro ar. Acontece-nos isso, por vezes. Estamos mal, tão mal que nem nos apercebemos que estamos mal, tão mal que nos incomoda sequer a perspetiva de nos mexermos, tão mal que precisamos que nos peguem ao colo, tão mal que a última coisa que nos ocorre é deixarmo-nos amar. Aconteceram-nos imensas vezes, pegamo-nos mutuamente, cuidamo-nos mutuamente, amamo-nos mutuamente. Nem sempre de mútuo acordo. Sempre com o mesmo resultado: sentirmo-nos amados e cuidados. E nada há na vida melhor que sentirmo-nos amados e cuidados. Ontem, no final de um longo e algo penoso dia de trabalho, olhei-a e vi o seu olhar cansado. "Vamos namorar". Descemos alguns metros até ao mar, o nosso mar, um dos lugares que testemunham a nossa vida de muit
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Quem me conhece mais de perto ouviu já uma expressão que uso algumas vezes: sou um barco com motor fora de bordo. Não fora isso e, quando muito, seria um daqueles barcos a remos, de madeira gasta e envelhecida, repintados inúmeras vezes para turista ver, mas a que nem a brutal força braçal os faz sair da cepa torta. Ou então, o que é ainda mais provável, um daqueles barcos cuja existência se confina às margens, se resume ao casco meio desfeito, quase irreconhecível, sem pintura que lhe valha, de tanto levar, sem apelo nem agravo, com o efeito das marés desta e de outras vidas. Várias vezes na vida julguei ser veleiro ágil e esguio, e cometi a loucura de enfrentar ventos e marés, orgulhosa e vaidosamente ostentando as minhas velas enfunadas ao vento. A vertigem da velocidade provocada pelo vento a favor inebriou-me sempre e sempre teve o mesmo destino: esse mesmo vento a favor, que antes me provocara a ilusão do voo, é o mesmo que me rasga as velas, me impede de avançar e, afundando
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Esta data, 5 de setembro, é, hoje, muito especial para mim. E para todos os que me amam. Na minha vida, como acredito que em todas as vidas, há momentos de viragem, momentos decisivos, que decorrem de decisões tomadas, no meu caso quase sempre por impulso, por arder de coração. Há treze anos foi isso que aconteceu, começava, efetivamente, uma nova vida: fui para o Colégio. Vinha de uma profissão que me devastara a todos os níveis. Em poucos anos passara do sonho ao pesadelo, com repercussões muito sérias, que ainda hoje se vão revelando, como a lava que nunca descansa sob a crosta. Naquelas que são as mais importantes dimensões da minha vida: a minha família, a minha fé e, naturalmente, eu próprio, nada ficou por revolver, nada ficou incólume, nada permaneceu como era antes. Por minha causa, por minha culpa, todos conhecemos a dor do fracasso. Sei o que é acordar, depois de um pesadelo, e desejar voltar a adormecer para não ter que viver o pesadelo da realidade. E sei o que é