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A mostrar mensagens de março, 2015
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Recordei-me imediatamente do que lhe tinha dito - e a outros que estavam connosco - naquela sereníssima capela de Santiago, aberta apenas para nós: "quando ouvirem alguém dizer que a juventude está perdida, olhem-lhe para os pés, e verificarão que não tem calçadas as botas de caminhar mas sapatos lustrosos ou pantufas. Se tivessem as botas calçadas, e gastas, e sujas, como nós temos, teriam caminhado convosco e admirar-vos-iam. Como nós vos admiramos." A recordação veio com um desabafo seu enquanto entrávamos na Basílica de São Pedro, no Vaticano: "É esquisito, Zé, mas para mim sinto muito mais Igreja em Taizé que aqui. Isto é turismo." Sorrimos ambos porque nos caminhamos há tempo suficiente para percebermos que estávamos em plena sintonia. Este rol de alunos já me deixa saudade e o ano ainda não terminou. Foi com eles que consolidamos muitas das caminhadas que iniciáramos no ano anterior ao da sua participação em bloco. Foram eles que deram um impulso dec
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Mexeu comigo e apontei: "Nos céus de França, a descida para a morte durou oito minutos. 480 segundos. Em que é que se pensa neste tempo? Quem abraçamos? Por quem gritamos? Gritamos?" Foi escrito por Bernardo Ferrão, no Expresso Curto do dia 25 e, inevitavelmente, levou-me a fazer-me as mesmas perguntas. Em que pensaria eu nos meus últimos 480 segundos de vida? Em quem pensaria? Quem abraçaria, física ou espiritualmente? Gritaria? Confiaria? Rezaria? Em alguns dos Dias de Reflexão do secundário perguntamos o que sentiríamos se, juntamente com a data de nascimento do cartão de cidadão estivesse também a data de óbito. Tal como as perguntas colocadas pelo jornalista, também esta é pura retórica. Não é para responder. É para fazer pensar. No que temos de mais importante, no que somos de mais importante, quem temos de mais importante, para quem somos mais importantes. Serve apenas para nos questionarmos porque corremos tanto, em nome de quê corremos tanto, onde queremos nó
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Há coisas que consigo fazer e coisas que não consigo fazer. Como todos nós, aliás. A esta verdade lapaliciana não cheguei por puro acaso, não é algo que tenha sido claro e evidente para mim desde sempre, mas vem vindo com o tempo, vem chegando, vem-se instalando, e, sobretudo, vem contribuindo para que eu possa ir sendo progressivamente mais consciente de mim e, por isso, progressivamente mais sereno. E feliz. Eu não sei não cuidar de quem amo. Não sei fazer de conta, não sei ficar indiferente, sou péssimo no jogo das aparências, provavelmente porque as acho completamente inúteis. Quando amo, quando gosto muito - sim, eu sei que são coisas completamente diferentes, mas para o caso isso não é importante - deixo, com facilidade, que transpareça o meu olhar, na forma como falo, na forma como ajo, indiferente ao que possam pensar ou até ao que daí possa advir. Para mim, a questão é muito simples: se não entendem, que entendam. Não, não acho que a mulher de César precise de parecer sé
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Ao longo da semana que passou aprendi muitas coisas. Estive em lugares onde nunca tinha estado, cidades lindíssimas onde, a cada dobrar de esquina surge algo de novo, nunca antes por mim visto. Adorei Malta, para a qual não levava expectativas nenhumas - ai, a vantagem de não se ter expectativas! - e, como sempre, adorei rever Roma, em relação à qual tinha toda a espécie de expectativas - ai, a alegria da confirmação das expectativas! Viajar é uma daquelas coisas que quero fazer ainda em tempo útil, ou seja, antes de ter o andarilho como companhia. Calcorrear caminhos novos ou velhos, no campo ou nas cidades, observando sozinho ou contactando com pessoas de outras culturas e aprender com elas, poder descobrir novos sabores - o que me causa sempre profunda estranheza no princípio - é, mais que um sonho, um projecto adiado há algum tempo, mas espero que não por muito mais tempo. O curioso é que foi uma viagem que se seguiu a uma outra. E ainda mais curioso é que as duas não tiveram
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Esta noite mal preguei olho. Pelas quatro da manhã já me tinha sentado para escrever e tentar colocar as ideias em ordem. Como sempre me acontece nestas alturas, o silêncio de casa torna ainda mais contrastante e insuportável a imensidão do que se passa na minha cabeça. As memórias surgem em catadupa, os pensamentos atropelam-se na tentativa de as reinterpretar, de as reler, de as reorientar, de lhes arranjar uma qualquer ordem por forma a tentar descortinar algum sentido, alguma direcção, algum novo rumo a seguir. Já devia saber que esses minutos/horas resultam em coisa nenhuma. Já devia saber, por esta altura, que tenho sempre que me levantar, pegar num papel, numa caneta, e reordenar as ideias. Aí sim, com as ideias no papel, com as memórias devidamente sistematizadas e reorientadas, posso então dar lugar ao desafio de escutar o que me querem dizer. É sempre esquisito quando me apercebo que a forma como penso a vida contrasta com a forma como vivo a vida. Na vida vivida sou mui
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Este blogue vai entrar de ferias. Curtas, espero. Não que eu vá de férias, ainda, mas vou em trabalho para lugares onde não poderei escrever no blogue. E isso é bom! Ultimamente tenho escrito a um ritmo quase diário, o que não é comum em mim. Acontece-me apenas depois de uma experiência forte de partilhas, de intimidades, de descobertas, que necessitam ser processadas cá por dentro, o que apenas consigo em condições quando essas partilhas, intimidades e descobertas são traduzidas em palavras. Acontece-me muitas vezes estar na cama às voltas com dezenas de coisas na cabeça e levantar-me, escrevê-las e sossegar apenas depois disso. Muitas vezes! As minhas reflexões não são uma maneira bonita de enunciar acontecimentos ou sentimentos, são uma necessidade. Minha. De me desconstruir, de me construir, de saber que chão piso, que horizontes ainda tenho, de me ir mantendo atento e afinando estratégias, redefinindo rumos, reprogramando sonhos e objectivos. São uma forma de não me perder, em
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Olhos nos olhos, com toda a calma possível, fui dizendo: amigo não tem duas coisas: idade e sexo. Poderia ter acrescentado que também não tem proveniência, se me tivesse ocorrido. Um dos meus amigos que recordo com mais saudade é o Sr. Vicente. Separava-nos mais de quarenta anos de idade, toda uma vida, e um mundo imenso de imensa sabedoria. Conversávamos bastante e foi dele que fui aprendendo a beber alguma da sabedoria que me esforço ainda hoje, por conservar: saber estar, saber escutar, saber calar. Não era tanto o que ensinava, ou o que dizia, era a sua postura perante os outros, mesmo quando a maioria desses outros o desprezava de forma ostensiva. Foi dele que aprendi, depois de uma violenta discussão em que uma colega nossa foi manifestamente desrespeitosa para com ele: "pode ficar chateada comigo, mas quero que saiba que sempre que precisar de mim, estou disponível." E, passado pouco tempo, foi mesmo preciso, e esteve disponível, sem nunca receber um pedido de des
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Não posso dizer que é um hábito, porque não o é, efectivamente. É mais um registo, que me é tão querido e interior que não tenho grande controlo sobre ele. Quando tenho uma experiência profunda de partilha, acabo por associar esse acontecimento a uma pessoa específica, a um nome específico, como se essa experiência fosse única e irrepetível. E é-o, na realidade! Uma descoberta mútua, com o tempo e a profundidade necessários, a caminho de Taizé; uma conversa, longa e profunda, num terraço moçambicano tendo a lua como testemunha; uma recuperação mútua durante uma noite inteira e fria de Afife; uma abertura plena de coração acompanhada apenas pelo ecoar dos nossos passos no caminho que percorremos; uma partilha de comunhão e de encontro de rara sintonia na oração da luz... são momentos que têm um nome, específico, que têm um rosto, específico, que têm um discurso e uma forma de sentir e uma cadência própria, porque deixaram em mim a marca específica do que foi partilhado, do que foi
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Aqui há uns tempos, a minha-mais-velha andava tristíssima. Apesar de daqui a meia dúzia de meses ser médica depois de seis logos anos de um esforço e uma aplicação tremendas, cá em casa nunca era levada a sério no que diz respeito à cura das maleitas do corpo. Confiava-se muito mais em mezinhas e cházinhos e na opinião da prima ou da vizinha e no "ouvi isto no autocarro", que no resultado do seu esforço e capacidade de trabalho. Devia saber já que desde sempre é assim, Já o foi com Jesus "não és tu o filho do carpinteiro?" já o foi com cada um de nós, em nossas casas, e se-lo-à sempre. Ninguém é profeta na sua terra. Nos meus primeiros tempos da faculdade - há cerca de 9 anos atrás! - chegava a casa empolgadíssimo! A fome de aprender era tanta, o deslumbramento com o que ouvira era tanto, e para mim tão importante, que acreditava ingenuamente que assim que chegasse a casa contagiaria tudo e todos com tamanhas descobertas. Cedo aprendi que isso nunca aconteceria
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Make it a rule, never,  if possible, to lie down at night without being able to say: "I have made one human being  at least a little wiser,  or a little happier, or at least  a little better this day." É de um filme, curto, que passamos nos Dias de Reflexão do terceiro ciclo. Inspirou-me um bom hábito que, quando tenho ainda a força, a coragem e a lucidez necessárias, tento fazer no final de cada dia. É um pouco como o processo que algumas mulheres têm justamente nessa altura. Também eu me tento desmaquilhar, paulatinamente, olhando-me ao espelho, com outros olhos, deixando que as minhas próprias camadas me vão confrontando à medida que as vou reconhecendo. Sem enfeites, sem efeitos, sem subterfúgios. Não é desmascarar, que isso pressupõe uma outra personalidade que pode ou não ter a ver com a nossa. É mesmo desmaquilhar. Desenfeitar, se é que a palavra existe. Retirar-me a forma como quero que os outros me vejam e permitir-me ver, a mim próprio, olhando-me ao espe
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Na Balada de Hill Street, depois do plenário inicial onde o sargento dava a ordem do dia, ele acabava dizendo sempre algo deste tipo: "agora esqueçam o que eu disse e tenham cuidado lá fora." Não sei bem porquê, mas isso ficou-me. Achava curioso que, depois do trabalho que ele tinha tido a preparar a reunião, acabava sempre por desvalorizar o que tinha feito. Quando finalmente percebi porquê, passei a utilizá-lo nas minhas catequeses: "agora esqueçam o que aqui foi dito e vivam, porque a vida acontece lá fora." Aquilo que é verdadeiramente importante na vida não tem que ser permanentemente recordado. Eu não digo aos meus filhos todos os dias que os amo e que são o mais importante para mim. Nem o conseguiria fazer, porque mal esboço algo nesse sentido eles olham-me de soslaio e preparam-se imediatamente para me dar um grande tanga. Eles também não mo dizem, mesmo quando o sentem à flor da pele justamente por isso, porque o transbordam de uma forma tão evident
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Quem me habita? Quem permito eu que habite em mim? Quem, mesmo não o permitindo, persiste nos meus pensamentos, nos meus desejos, nas minhas ânsias e preocupações? Nunca fico incólume depois de me deixar habitar. Não sou um hostel, ou uma estalagem, em que as pessoas chegam, assinam o livro de ponto, e ficam apenas por alguns momentos - alguns dias, se gostarem da paisagem e do clima - e depois partem para outras paragens, para outras vidas, deixando apenas trás de si a roupa suja da cama e, com sorte, algumas memórias que rapidamente serão substituídas. Next! Tenho idade e vida vivida suficiente para perceber já que deixar que me habitem é reservar um espaço, único, exclusivo, que sei que vai permanecer ocupado muito depois da partida, muito depois de escapar ao alcance do meu olhar, muito depois de os dias e as semanas e os meses se intrometerem. Por vezes tenho a ilusão - quase um ressentimento! - que esse espaço quase fica vago, quase é ocupado por outro alguém, como se eu pre
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Fernando Alves é, desde há muitos anos, a voz que mais gosto de ouvir na rádio. Os sinais que todos os dias invoca, que todos os dias envia, são despertadores que me ajudam a ficar mais atento  e, sobretudo, a descobrir o que sem ele dificilmente descobriria. Hoje falava de Clemenceau e de uma frase sua que veio ao meu encontro: " O que me interessa é a vida dos homens que falharam, pois tentaram ir além das suas possibilidades." O meu apóstolo predilecto não é João, é Pedro. Pela sua humanidade. Coração demasiado perto da boca, excesso de voluntarismo, pouca percepção da realidade, a loucura destemida de quem acha que tudo é possível e o tardio enfrentar da realidade, sempre com uma grande dose de arrependimento, sempre com uma grande necessidade de conversão, sempre com a promessa que desta vez é que vai ser, deixando que a parca percepção, o voluntarismo e a loucura dêem início a um novo processo que, inevitavelmente terá o mesmo fim. É um homem cheio de coração, de p
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A determinada altura, depois de me falar do tanto que a magoava e do medo, perceptível ainda que silenciado, que sentia por isso, disse-lhe que um dos motivos porque sou cristão é porque Jesus me permite recomeçar sempre, qualquer que seja a minha situação passada e presente. Acredito que, para Jesus, o meu sonho de futuro é sempre mais importante para me catapultar do presente que a minha recordação do passado. À Samaritana, à pecadora, ao filho pródigo, a Zaqueu, a tantos outros - acredito que mesmo àqueles que tudo fizeram para O crucificar - Jesus nunca pergunta de onde veio nem atira à cara pelo que andaram a fazer. A sua palavra sempre foi no sentido do "para onde vais" e não do "de onde vens". O por nós tão utilizado "eu bem te avisei" é isso mesmo: por nós utilizado. Apenas por nós. Emocionam-me sempre mais aqueles que, apesar da pancada, encontram sempre forma de se levantarem. Quando converso com eles, quando os leio, quando conheço algo da
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De onde vem o que me dói? De onde vem a insatisfação com o que sou, qualquer que seja a forma de agir, qualquer que seja o desejo profundo de ser algo mais que mero ocupador de espaço, e de recursos, e de tempo? De onde vem esta consciência que me separa, que aparta o que sou daquilo que quero sempre ser, e que não consigo ser por mais que breves momentos? De onde vem este espelho, permanente, constante, que me força a deparar-me comigo próprio, que me obriga a olhar-me nos olhos, que me leva a descortinar, sem sacrifício algum, sem dificuldade alguma, a minha realidade, a aprisionar-me na minha realidade, o que quer que a minha realidade seja? E que faço eu com isso? Que faço eu com essa consciência, permanente e constante? Baixo os braços, digo para mim mesmo que não vale a pena, recolho sonhos e vontades e mastros e estandartes e bandeiras, remeto-os para o fundo do baú, de onde vieram, e limito-me a ser mero ocupador de espaço, e de recursos, e de tempo? Concluo que tudo é em
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Há uma canção que é mais ou menos assim: "eu gosto de ser uma vaca, uma vaca..." Hoje, enquanto caminhava, pensava que sou ruminante. Como uma vaca. É já um clássico. Chego a casa e perguntam-me como é que foi e pedem-me para contar pormenores e ficam desiludidos. Nunca consigo senão balbuciar meia dúzia de lugares comuns e ficam todos com a sensação que nada de importante se terá passado. Ou então que não quero contar. Por mais que eu tente explicar que comigo as coisas não funcionam assim, que preciso de tempo para digerir, nunca acreditam. Eclesiastes 3, 1. Comecei desta forma muitos Dias de Reflexão: "Neste mundo, tudo tem a sua hora; cada coisa tem o seu tempo próprio." Eu preciso do meu tempo para digerir o que de importante me vai acontecendo. E quanto mais importante, quanto mais intenso, quanto mais profundo, de mais tempo eu preciso. Também porque na altura dos acontecimentos deixo-me simplesmente ir. Vou sentindo, vou fruindo, vou permitindo que
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Desde que me lembro, ando à procura de referências externas para a formação da minha personalidade. Durante muito tempo não entendia porque assim era, mas o meu trabalho em Ramalde com miúdos com infâncias muito parecidas com a minha, ajudou-me bastante a perceber porquê. Quando crescemos sem referências sólidas temos duas hipóteses: ou nos agarramos ao que nos rodeia - e nem sempre o que nos rodeia nos faz bem - ou vamos buscar fora, muitas vezes recorrendo à fantasia, a estrutura que nos falta dentro. Estrutura é uma palavra que tenho ouvido com alguma frequência, ultimamente. Provavelmente, o fator mais decisivo da minha vida seja mesmo esta minha natural predileção por pessoas com estrutura. Pessoas que sabem bem o que querem, que têm um horizonte tão definido e uma tenacidade tão intensa que conseguem ver com clareza qual o seu rumo e mante-lo custe o que custar. Pessoas que, mesmo no maior dos sofrimentos, mesmo quando caem e se magoam e choram, não se permitem mais que um s
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Cruzamo-nos nas escadas "Então? Como estás?" Um sorriso largo e um quase sussurro, enquanto nos abraçamos: "Estou bem. Está-se a compor." E o seu sorriso passa para mim, e seguimos caminho, cada um para o seu lado. Nos diálogos, como em quase tudo na vida, o tamanho não importa. Este, curtíssimo, ganhou o meu dia.
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Tivemos um fim de semana quase sem filhos. Quando chegamos a casa, na sexta feira, já eles tinham saído para um retiro e só os tivemos de volta ontem, depois do jantar. Quase sem filhos é uma forma de dizer, porque foram três mas ficaram ainda dois. Mas no almoço de domingo éramos apenas nove à mesa, o que suscitou queixas de uma das tias: "somos tão pouquinhos, hoje!" A única coisa boa de termos filhos fora de casa é que temos menos louça para lavar. Fora isso, não há vantagem nenhuma. Mesmo o sossego, tão desejado por nós em tantas alturas, chega a uma altura em que é demais, e ao fim de algum tempo olhamos um para o outro com a sensação que não passamos de dois gatos pingados órfãos de filhos. Confesso que a mim não me assusta nada o síndrome do ninho vazio. Apesar de gostar muito de estar com os meus filhos, de adorar a azáfama e a confusão das refeições, de me deliciar completamente quando pegam numa guitarra e começam a cantar, sei, sempre soube, que não são meus.
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Creio que esta terá sido a minha sétima presença nos últimos dez anos em Taizé. Recordo com especial carinho todas as descobertas da primeira vez, desde que saímos do Colégio: a descoberta de uma nova forma de ver as pessoas que julgava já conhecer, a conversa partilhada ao longo da viagem, a batida do Delicate de um ainda desconhecidíssimo Damien Rice a bater-me nos ouvidos com ligação direta ao mais fundo dos fundos, a chuva miudinha enquanto saíamos de Lourdes rumo a Taizé. Chegamos lá era noite escura de domingo, perdêramos a oração da noite, mas fui atrás de uns alunos que, mal chegáramos, correram para a capela. E não percebi porque tinham corrido tanto. A capela era feia, estava despida, e não tinha nada a ver com aquilo que esperava. O que aconteceu depois é conhecido: caí de queixos, chorei baba e ranho, e senti-me remexido por Deus e completamente renovado. Nunca, como nessa altura, me tinha sentido verdadeiramente abençoado por Deus. É sabido que a primeira vez não se