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A mostrar mensagens de novembro, 2013
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"Não vos inquieteis, procurando a causa dos grandes problemas da humanidade; contentai-vos em fazer o que puderdes pela sua resolução, ajudando aqueles que precisam. (...) Por mim, faço tudo o que posso; quanto ao resto, não me compete." Por vezes discuto com um amigo, que tem sempre grande relutância em participar nos vários Projetos em que estamos envolvidos. Que ajudamos quem não precisa, que faz tudo parte de um enorme esquema conspirativo para que alguns fiquem bem na fotografia, que serve apenas para iludir as nossas consciências, que se as pessoas gastassem o dinheiro no que vale a pena em vez de irem fumar para os cafés as coisas seriam diferentes, etc. São argumentos gastos, que no princípio ouvia quase todos os dias mas que agora, talvez porque vejam que não adiantam, vou escutando cada vez menos. No caso deste amigo, no entanto, os seus argumentos são puramente racionais, não passam de desculpas para não se incomodar e, mais importante, entram em clara contr
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Não são muitas as pessoas que conheço que têm o condão de transformar dificuldades em oportunidades de encontro. Hoje, logo pela manhã, recebi um telefonema a pedir (pedir mesmo, não solicitar) a minha colaboração por causa de um contratempo. Lá resolvemos a questão, sem grande dificuldade, e a coisa rolou. Recebi agora uma mensagem sua com um "obrigada e desculpa". Simples, eficaz e muitíssimo agradável. Uma das coisas que enchem mais os meus dias é quando tenho a sensação que aprendi alguma coisa. Então se forem destes gestos, atitudes, demonstrações de sabedoria profunda, daquelas que implicam os calcanhares bem assentes no chão mas que estão aí para todos os que as quiserem absorver, deixam-me ainda mais feliz. São pessoas assim que me fazem sentir privilegiado por viver os meus dias da forma como os tenho vivido. Ainda há pouco falava com alguém do Fredo, um (ainda) miúdo do Bairro com quem tenho aprendido muito. No Espaço onde ambos trabalhamos nunca o ouvi a ber
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Li no Público um curtíssimo artigo da Bárbara Reis acerca do nosso Papa, "Um Papa que nos obriga a olhar". http://tribodejacob.blogspot.pt/2013/11/barbara-reis-um-papa-que-nos-obriga.html Lembrei-me imediatamente de um encontro recente que tive onde se pretendeu que se discutisse a fé, na forma como a celebramos e vivemos. Bastaria aquela foto, aquele recorte de jornal, e teria valido a pena irmos a Fátima. Na realidade, como cristãos, como pessoas, temos muito a aprender com este Francisco. Continuamos a viver nos mesmos moldes, encarcerados nas nossas realidades fechadas enquanto ele, alegremente, nos indica o caminho a seguir. Ainda há pouco tempo, numa das reuniões em que pensamos a fé, discutíamos a importância da paróquia, a centralidade da paróquia, para que, supostamente, fiquemos unidos à Igreja. Continuamos a não querer ver como a vida hoje se faz de lugares abertos. Continuamos a não querer ver como a comunidade hoje nada tem a ver com a comunidade de há 15 a
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Detesto quando tenho que vestir um fato que não sinto como meu. Mas por vezes tem que ser. Principalmente no meu papel de pai. Considero que saber é absolutamente fundamental. Porque me permite situar-me no mundo que me rodeia, porque me liberta, porque me dá o poder de discernir o certo e o errado, porque me dá as armas para decidir o melhor em cada momento, porque evita que seja um boneco em mão alheias, porque me capacita para ajudar a construir um mundo melhor. Um dos momentos mais marcantes da minha vida foi quando descobri, já quase adulto, que havia pessoas que trabalhavam para pagar a faculdade. Toda a vida me tinha sido dito que a faculdade era para meninos bem, para ricos, e eu, que a partir de determinada altura descobrira um imenso gosto pelo saber, senti-me roubado na minha possibilidade de futuro. Lembro-me que pensei "assim também eu!", um desabafo que hoje me acompanha muitos dias no Centro Comunitário. No entanto, se tenho o saber como absolutamente fu
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Gosto assim. Sem contar, entra-me pela porta dentro, com um enorme sorriso, que apenas a alegria do reencontro pode proporcionar. A conversa solta-se, toma conta do nós, e falamos de coisa nenhuma, típico daqueles que não precisam de bater à porta da intimidade alheia, simplesmente porque esta não está lá. Os limites há muito foram ultrapassados, as janelas - as da alma -  escancaradas, e tudo é terreno conhecido, atempadamente apropriado, sem zonas de segurança, sem zonas de desconforto. Não são muitas as pessoas com tamanho privilégio. É preciso vida vivida, partilhada, com uma dose qb de sofrimentos e ultrapassagens por dentro e por fora, com algumas dúvidas, com muitas descobertas e redescobertas e vontade e abertura e segurança suficientes para se permitir refazer por dentro a cada conversa, a cada discussão, a cada etapa. E o tempo, o inevitável, inelutável, o Mestre Tempo, a permitir respirar nos entretantos, a potenciar a saudade, a refrescar a memória das coisas boas, a d
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Não é mesmo possível servir a dois senhores. Uma das maiores questões da minha vida é a minha dificuldade em estar. Eu, que gosto tanto de estar, que faço tanta questão de estar, desespero quando não consigo estar como queria, com todos quantos queria, e, principalmente, com quem esperaria que eu estivesse. Por causa disso tenho muitos amargos de boca, sinto-me muitas vezes culpado por não conseguir cumprir com quem sinto que me comprometi. Na minha vida, volta e meia tenho que parar e forçar-me a recordar da hierarquia das pessoas com quem me comprometo. Recordar-me para quem sou verdadeiramente fundamental, quem depende de mim, tentar discernir se estou a conseguir ser qualquer coisa de jeito como pai, como marido, como amigo ou confidente, se estou a conseguir ser esteio de coisa alguma, como é suposto ser.  Nessas alturas lembro-me invariavelmente do meu pai, que os meus amigos invariavelmente admiraram e admiram pela sua disponibilidade, abertura e eterna juventud