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A mostrar mensagens de abril, 2022
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  Há já muito tempo que abandonei a pretensão de ser percebido na minha maneira de amar. Cada um terá a sua, fruto do seu entorno pessoal, do amor e do desamor que experienciou, às vezes com dor, outras com inusitada felicidade, e eu, claro, não escapo à regra.  Eu amo com pudor.  O amor é uma porta que se abre apenas por dentro, que exige um consentimento e uma disponibilidade interior que nada nem situação alguma consegue forçar. É um diálogo, mútuo, íntimo, profundo, e porque é diálogo é propício a malentendidos, que, porque é profundo, são sempre dolorosos, que, porque são íntimos, nem sempre são portadores da clareza que facilmente tudo resolveria no amor. Há todo um cuidado, revestido de atenção, que se exige no amor. Um constante lidar com pinças onde as palavras, os gestos, as atitudes, os olhares, adquirem um peso que apenas no amor é o seu, específico, exclusivo, absoluto. A forma como olho, como falo, como escuto, como me entrego, a quem amo, é por isso diferente, também dep
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Não é todos os dias que testemunho o nascimento de Deus em alguém. Demasiadas vezes tenho Deus como garantidamente certo. Mesmo eu, que vivo imerso por entre pessoas para quem a referência mais imediata de Jesus é a do treinador de futebol, esqueço-me frequentemente que Deus é um habitante desconhecido em tantas pessoas das comunidades que habito. Este fim de semana foi de Rumos: uma caminhada de Ansião a Fátima por entre aldeias e caminhos de santiago entrecortadas por dinâmicas de reflexão e oração. Connosco, pela primeira vez, foram alguns miúdos do RAIZ para quem tudo aquilo era novo: o caminho, as aldeias, as paisagens, as reflexões, mas sobretudo as orações. Durante a primeira - feita logo no arranque - só se conseguiam rir de espanto e nervosismo: tudo era estranheza e sentiam-se peixes fora de água. Pouco tempo depois já no caminho, conversamos: "stor, eu não sei rezar, nunca rezei". "Não te preocupes, não tens que fazer nada, nem responder: limita-te a ficar em
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    Espanto dos espantos: todos nós somos diferentes em função da companhia. Talvez não na essência - embora por vezes aconteça - mas na forma, com certeza que sim. Não faria sentido, aliás, se assim não fosse. Se não tivéssemos pessoas especiais e momentos especiais não teríamos amigos nem namorados nem casamentos nem confidentes e seria tudo a mesma coisa. E sabemos como isso não acontece. E sabemos também que não falamos com todos da mesma maneira, não dizemos a todos o mesmo e muito menos com a mesma profundidade. E isso não é menosprezo, mas escolha, o que torna as nossas pessoas muito especiais. As minhas são. E mesmo essas não se deparam com a mesma versão de mim. Até por causa das circunstâncias! Eu, por exemplo, tenho extraordinária facilidade em me comover enquanto testemunha direta de uma qualquer dor e, pelo contrário, tenho enorme dificuldade em agir à distância. Ainda agora, com a pandemia e, depois, a guerra da Ucrânia, confirmei que me é muito mais natural e imediato en