Tivemos, ontem, um jantar maravilha. Estávamos quase todos, o ambiente era espectacular, e não fosse o nosso aspecto limpinho, diria que ainda estávamos em Santiago.

Creio que posso afirmar que não foi apenas para mim que o Caminho, ou melhor, que Este Caminho foi muito especial. Porque ninguém sabia ao certo ao que ia, porque éramos "inocentes" na partida, porque nem sequer nos conhecíamos assim tão bem - e portanto não tínhamos expectativas, ou se as tínhamos, eram mais para o baixo - porque no fundo temíamos todos que a coisa não corresse bem... sei lá, mil e um motivos que nos deixavam um tanto ou quanto de pé atrás.

Curiosamente, agora que penso em cada um dos que caminharam, não aconteceu aqui aquilo que eu já disse que aconteceu com Moçambique: aqui havia meia dúzia de pessoas que à partida nem sequer pensaria em convidar. Acredito que uma parte importante do sucesso da caminhada esteve justamente aí: cada passo, cada km, cada dia, revelava-nos, para além de situações novas, pessoas novas, com facetas que nos surpreendiam a cada momento e que agora guardamos cuidadosamente para que as não possamos esquecer.

Foi muito bom, ontem. Foi bom confirmar que nos continuamos a sentir muito bem uns com os outros, foi bom sentir que estávamos todos na mesma onda, que todos tínhamos saudades, que todos gostaríamos de estar ainda lá, no Caminho. Quando participo nestas coisas normalmente fico só com a minha saudade ao fim de alguns dias. A vida vem e toma conta da nossa vida obrigando-nos a remeter as tas coisas boas para o fundo do baú das recordações. Desta vez, porém, pelo menos não me sinto só. Ainda nos olhamos uns aos outros com saudade. Ainda nos reconhecemos nos olhos uns dos outros. E ainda sentimos um gozo enorme em estar juntos, em abraçarmo-nos para celebrarmos, juntos, a sorte de nos termos.

Obrigado, Pai, por ainda não me sentir só no Caminho.

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