Sendo católico, com todas as minhas naturais falhas e debilidades, eu tento por todos os meios compreender a Igreja que amo e até que ponto ela está em consonância com o Cristo, que eu amo ainda mais.

Hoje estava na eucaristia, na minha Igreja (de S. Pedro) a olhar para a representação do báculo, que em nada se assemelha ao cajado de um verdadeiro pastor. Pensava na enorme riqueza e poder do Vaticano, na vassalagem que teimamos em prestar aos Bispos como de Roma à cabeça, no facto de termos a sensação que o Concílio Vaticano II deve estar algures, nas profundezas de uma gaveta papal, na tremenda dificuldade que sentimos quando tentamos justificar todo esse poder e riqueza na sede de uma Igreja que se quer pobre e serviçal.

Mas isto é uma coisa, com a qual eu concordo. Não podemos continuar  a servir a dois senhores conservando riquezas enquanto pregamos a pobreza. É contra-producente, é imoral, é profundamente anti-evangélico. Contudo, um outro aspecto bem diferente é a constante tentativa de alinhamento com a modernidade. Movimentos como o Nós Somos Igreja, ou como a Teologia da Libertação, que vou seguindo atentamente; teólogos como Kung, Boff ou Masiá, que eu leio assiduamente, têm um fundo de verdade - aquele que referi anteriormente e com o qual me identifico - mas depois resvalam para a radicalidade, para a exclusão, para a sobranceria racional. E é justamente aí que eu não concordo.

Eu amo a Igreja da qual faço parte. Talvez por a minha fé ter sido tardia e ter desde sempre estudado muito nesta área, eu fui-me sentindo cada vez mais ligado à minha Igreja. Acredito mesmo em tudo quanto rezo o Credo, mesmo na Igreja Santa, Católica e Apostólica. Acredito também que temos um longo caminho a percorrer e que o tempo para o fazermos vai escasseando. Acredito que há demasiada vaidade em muitos padres, bispos e daí para cima, assim como acredito que há demasiada vaidade na esmagadora maioria dos leigos que conheço que chegaram a luares de destaque na Igreja, o que, por si só, me leva a pensar que esta não é uma questão de ordem mas de serviço. Acredito que a catequese tem que dar uma grande volta, que a moral tem que dar uma grande volta, que o conhecimento tem que ser muito mais efectivo que o que tem sido. Acredito nisto tudo. E acredito ainda mais numa Igreja que se quer peregrina, frágil e serviçal, que seja testemunho vivo de um Jesus que quis ser, Ele mesmo, peregrino, frágil e serviçal. Acredito por isso que temos muito que caminhar, muito que aprender, muito que fazer.

Mas acredito que apenas sendo Igreja tornaremos essa Igreja uma realidade.

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