Enquanto Moçambique não chega, combato o cansaço fazendo aquilo que normalmente faço quando se aproxima o fim de um qualquer ciclo: analiso o que fiz, revejo o que experimentei, revisito o que senti, para tentar perceber se este foi ou não um tempo desperdiçado.

Não são critérios muito rigorosos, aqueles que utilizo para estas avaliações. Tento perceber se cresci, se porventura sou mais do que era quando comecei: mais rico, mais humano, mais consciente das minhas limitações, mais próximo.
Sou benevolente comigo próprio.

Apercebo-me sem dificuldade que tenho mais olhos na minha vida, que reconheço mais pessoas quando se cruzam comigo, que me sorriem mais e que sabemos ambos porque sorrimos.
Tenho também mais vidas em mim, mais cumplicidades, mais preocupações quando não sei se estão bem, mais alegrias quando me certifico que a sua vida corre.
Tenho também mais de mim em mais pessoas, o que, porque não é de matemática que se trata, me multiplica em vez de me dividir. Porque tenho mais outros em mim, porque sou, eu próprio, mais outros, tenho mais Deus, uma fé mais vivida, mais adulta, mais madura.
Tenho também cada vez menos tempo, o que apenas pode ser bom. O Mestre Tempo ensinou-me que quando não cedo à tentação de o encerrar em mim, escolhe correr a meu favor.

Estes balanços - que eu faço quando me sinto mais cansado, mais inseguro - permitem-me perceber que, apesar das canseiras, apesar das discussões, apesar das imensas dúvidas e inexistentes certezas, apesar de me sentir muitas vezes pequenino, pequenino, tenho, afinal, muitos motivos para dar Graças. Pela minha família, pelos meus amigos, pelo meu trabalho, e pela minha fé, que a tudo isto dá sentido.

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