O meu mano novo acabou de me ligar: estava a chegar a Fátima, depois de ter saído daqui no passado domingo. Fiquei feliz, claro. Muito feliz.

Curiosamente, ele nunca foi dessas coisas: tem uma maneira muito própria de viver a sua fé, muito diferente da minha, que gosto sempre de ir bem fundo em todas as questões. Ele vive a fé com a naturalidade de quem respira, sem se questionar muito, sem se martirizar muito, até sem se comprometer muito. A sua fé faz parte da sua vida, está muito ligada ao nosso RH+, aos nossos amigos de muitos anos, que ele viu a crescer, que ele formou e de quem continua a ser o verdadeiro fundamento.

A nossa relação é muito fora do comum - toda a minha relação com os meus irmãos e os meus pais é muito fora do comum - muito feita de ausências de palavras, de respeito pelas enormes diferenças que nos unem, mas de um enorme, imenso amor que nos une. Não me lembro de alguma vez termos discutido forte e feio, de alguma vez nos termos zangado, de alguma vez não termos estado mal sentíssemos que o outro precisava. E foram enormes as provas de fogo a que fomos sujeitos enquanto irmãos, enquanto companheiros de infortúnio. E nunca em nós houve uma palavra de recriminação. Amamo-nos e respeitamo-nos justamente tal como somos: com os nossos imensos defeitos.

Para o bem e para o mal, sabemos ambos que nos amamos muito para além das palavras.
Sem nunca termos sentido a necessidade de o dizer.
Nem sequer de o ouvir.

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