Gosto de passear pelo meu pensamento, de o deixar fluir à vontade, sem eira nem beira. Lembro-me muitas vezes de Mandela, quando afirmou que era dessa maneira que se libertava: o corpo estava aprisionado, mas o pensamento esse, era livre como um pomba.
Aprendo muito nesses meus devaneios. Revisito pessoas, relembro situações, recordo aulas e matérias estudadas, e tudo funciona como uma daquelas máquinas misturadoras: meto tudo no mesmo saco e de repente apercebo-me que tudo está ligado: pessoas, conhecimentos, situações, aprendizagens, tudo faz parte do mesmo, tudo tem como que um fio condutor, tudo se encaixa como as peças de um lego que me entretenho a construir.
Não me sento a meditar, no silêncio e no escuro, à espera que estes passeios surjam. Nada disso. Acontecem muito de manhã, noutras alturas durante as minhas caminhadas, noutras ainda apesar de estar rodeado de pessoas. É como uma válvula de escape: faço as minhas sínteses, mato as minhas saudades e organizo o meu interior.
É esquisito, eu sei. Mas nunca me preocupei muito com a normalidade. Vantagem de gaguejar.
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