Sou um homem de rotinas. Gosto das mesmas coisas nos mesmos dias à mesma hora. Ainda na semana passada alguém comentou o que seria de mim sem relógio. Na realidade, não gosto de me sentir demasiado solto, sem hora marcada, à deriva. Talvez por causa disso, apesar das minhas origens, sempre evitei o álcool e as drogas. E nem sequer gosto dos escorregas porque me faz muita impressão não ter qualquer domínio sobre o que me pode acontecer enquanto deslizo. Aquilo que para outros é pura diversão para mim é pura confusão.

Uma das minhas rotinas matinais é uma visão geral dos blogues e das notícias. Percorro-os rapidamente, que o tempo não dá para mais, à procura de algo que salte à vista, que me inspire e que me ponha a pensar. Hoje foi a luta entre o bem e o mal, que tem lugar dentro de cada um de nós, num texto formidável do Leonardo Boff, que aproveitei para publicar num outro blogue. Noutros dias pode ser qualquer outra coisa: a oração da manhã da renascença, uma foto, um título de um artigo, uma tira de bd... não sou esquisito.

Creio que uma das minhas maiores qualidades - que no entanto por vezes complica muito as coisas - é a abertura para aprender o que quer que seja vindo de onde quer que seja. Não ligo puto a personalidades ou a cargos e muito menos a títulos. Já convivi com supostos mestres pagos a peso de ouro que são autênticos balões cheios de coisa nenhuma e já tive a sorte de ter longas conversas com gente supostamente rude e ignorante que sabe muito da vida. E estava disponível para me ensinar. Também já aprendi verdades simples, enormes, com miúdos, já tive verdadeiras lições de cristianismo vindas da mais esquerda da política e ainda há pouco tempo, em Taizé, tive profundas e sábias aulas de teologia numa conversa íntima, entre amigos, enquanto entretínhamos a fome com umas bolachinhas. Nunca considerei que houvesse um tempo certo ou um lugar próprio para aprender o que quer que seja. Sempre me bastou ter as portas abertas e o olhar atento para me maravilhar com tanta gente que sabe tanto! E sempre aprendi muito com isso.

PS: Agora mesmo, depois de reler o que escrevi - e escrevo sempre deixando que os meus dedos fluam pelo teclado sem lhes dar muita importância - verifiquei que acabava em plena contradição coma  forma como comecei. Típico. Sou mesmo assim.

Comentários

Mensagens populares deste blogue