Na vida, há três coisas que faço muito bem: contas ao dinheiro... dos outros; resolver os problemas,,, dos outros; educar os filhos... dos outros.

Isto, que eu digo muitas vezes e que normalmente é tomado como uma brincadeira, é uma das minhas maiores verdades. É uma daquelas conclusões a que cheguei à força de cabeçada na parede, à medida que me ia consciencializando das minhas insuficiências e percebendo os meus limites. É, por isso, uma verdade vivida, ainda que muito minha.

Hoje conversei com uma mãe angustiada com o seu filho. Enquanto eu lhe dizia que não tinha motivos para essa angústia, que o seu filho é um miúdo em condições, pensei que poderíamos, com facilidade, trocar de papéis. Enquanto eu escutava os motivos das suas preocupações - e os relativizava - pensava que eu próprio jamais os relativizaria se se tratasse de um dos meus filhos, porque os amo profundamente e nada do que com eles e neles se passou, passa ou se perspectiva me é indiferente.

Por isso, não creio que o faria.

Não sendo bem a mesma coisa, ainda há pouco tempo, nas férias da Páscoa, quando conversava acerca das tremendas dificuldades que enfrentamos todos os dias no Centro Comunitário, choveram palpites. Porque não fazemos assim, porque não fazemos assado, se fosse comigo isso não aconteceria, não percebo como continuas nessas condições...  Tudo muito giro e muito simples para quem não está no terreno, para quem não está emocionalmente envolvido, para quem não se confronta todos os dias com os olhares que me esperam e me convidam a entrar mal lá chego. Tudo muito giro para quem passa ao largo, vive ao largo, não se deixa mexer por dentro, é hermeticamente fechado. Tudo muito giro para quem quiser. Não para mim.

O envolvimento profundo nas coisas, nas situações, nas pessoas, toldam-me o juízo.

Ainda bem! É sinal de vida.

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