Apesar de ser francamente mau em fazê-lo, poucas coisas me fascinam mais que o trabalho de grupo. Sou mau porque normalmente não consigo pensar com os outros. Preciso de espaço, preciso de tempo, preciso de me concentrar, preciso de ponderar muitas variáveis, e, em grupo, não consigo fazer nada disso. Então, nessas alturas, o que acontece muitas vezes é deitar coisas pela boca fora e depois arrepender-me do que disse.

No entanto, em função das circunstâncias e das equipas, duas coisas distintas podem acontecer. Uma delas é ficar caladinho com um chasco e limitar-me a aprender. Faço-o quando estou suficientemente calmo e seguro de mim para que me possa permitir passar despercebido. E também quando estou rodeado de sábios, o que, felizmente, acontece algumas vezes. E tenho ainda o bónus de, por vezes, ser considerado minimamente inteligente, o que não é mau de todo. A outra coisa é confiar muito em quem está à volta da mesa. Aí, acontece uma mistura abençoada: porque estou com a minha gente, arriscamos o eventual disparate sem o ponderarmos devidamente mas não ficamos agarrado a ele, antes os juntamos aos restantes e, juntos, fazemos as ideias crescer. É, de longe, o processo que mais me agrada. Por aqui já conseguimos grandes coisas à custa do que pensávamos serem disparates. Mas é preciso ter muita confiança nos outros para me arriscar a este ponto.

Acabo de chegar de uma reunião do Centro. Uma boa reunião. Apesar de ainda não confiarmos totalmente todos uns nos outros, houve propostas, com resoluções, com pontos de partida, com algumas visões de futuro. Pela primeira vez, não gastamos a maior parte do tempo a discutir o que não conseguíramos fazer, porque as coisas funcionaram na última semana. Pela primeira vez, debruçamo-nos mais sobre o futuro que sobre o passado.
Creio que agora estamos todos um pouco mais resistentes ao insucesso, um pouco mais realistas e, por isso mesmo, muito mais assertivos e eficazes nas ações. Hoje saí com a sensação que, finalmente, estamos a começar a caminhar. Pelo menos para fora. Temos ainda muita pedra a partir no caminho interior, naquele que é feito pela parte de dentro de cada um de nós, naquele que nos reserva um lugar especial. Enquanto não formos capazes de o fazer, de peito aberto, o nosso trabalho sairá sempre comprometido.
Eficaz, talvez. Mas será sempre trabalho.

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