O fim de tarde de domingo passado foi um daqueles que permanecerão na nossa memória colectiva. Os primeiros raios de sol quente, a ida ao Parque da Cidade e à Foz (o nosso local de eleição: bom, bonito e barato) e uns momentos de descontracção comum com muita música, muita brincadeira, muitas gargalhadas... muito nós.

Evidentemente, não é sempre assim. Nem sequer é isto que constitui o nosso quotidiano. Todos estamos completamente empenhados nos nossos trabalhos, nos nossos estudos e, mesmo ao fim de semana, entre equitação, futebol, escuteiros, catequese, coral e grupo de jovens, não é fácil encontrar um tempo para nós. Por isso as refeições são tão importantes para nós: é o local e a hora em que partilhamos, conversamos, discutimos, discutimos e voltamos a discutir. E muitas vezes acabamos todos a cantar enquanto alguém arruma a cozinha. O pequenito - tenho mesmo de começar a deixar de lhe chamar pequenito - aqui há uns meses, instituiu a noite do cinema em família: ao princípio de uma das noites do fim de semana, sempre que podemos, sentamo-nos na sala e vemos um filme todos juntos. Quando calha bem, até temos pipocas e tudo! Normalmente, começamos todos a ver o filme mas não acabamos todos, porque invariavelmente alguém adormece a meio. Mas o que importa é que estamos juntos. A fazermos algo juntos.

No início não sabíamos bem como conciliar as nossas vidas lá em casa. O compromisso com o outro, das mais variadas formas, sempre foi uma parte importante do que éramos enquanto pessoas antes de nos conhecermos e do que escolhemos ser como namorados e a determinada altura não foi fácil conciliar isso com o que queríamos ser enquanto família. Houve até um período, enquanto os nosso filhos eram pequenos, que tivemos que suspender todas as actividades e vivíamos quase exclusivamente para eles. No entanto, quando começaram as suas catequeses, fomos recomeçando lentamente as nossas actividades e hoje todos estamos envolvidos, de alguma forma, com algo que não seja o nosso próprio umbigo.

Aos poucos fomos aprendendo, juntos, a rentabilizar o nosso tempo, e a roubar tempo ao nosso tempo para estarmos juntos, para partilharmos as nossas vidas, para cantarmos e rirmos, para consolidarmos o que entendemos ser a nossa maneira, muito própria, de sermos família. Como qualquer família, também temos momentos maus, de dar com a cabeça na parede, também vacilamos, também temos medo, também vamos andando às apalpadelas sem saber muito bem o que fazer. Mas o importante é que o fazemos juntos, no mesmo barco, com os olhos postos no mesmo horizonte e, fundamentalmente, sabendo que, quando nos sentimos mais perdidos, podemos confiar no mesmo timoneiro.

Comentários

Mensagens populares deste blogue