No sábado, por entre reuniões de trabalho, almocei com gente tida como importante. No entanto, sentia-me completamente em casa. Como sempre acontece naquela família, tivera sido muito bem acolhido, sintonizo-me com a sua forma de ser e de estar, identifico-me com a sua forma de trabalhar e servir, e quando isso acontece, esqueço com extrema facilidade os cargos ligando-me apenas às pessoas. Na altura, enquanto a conversa vai fluindo, isso não me incomoda absolutamente nada: sorrio quando tenho que sorrir, concordo quando tenho que concordar, tento argumentar quando isso não acontece, como se estivéssemos verdadeiramente entre família, onde os cargos que se ocupam são sempre circunstanciais e perfeitamente secundários. O problema é que quando isso acontece tendo a preservar-me pouco, porventura a revelar-me em demasia, a cometer alguns erros - que apenas a mim me comprometem, no entanto - e nem sempre saio bem visto da coisa.

Mais tarde, quando passei a conversa em revista, quando revisitei aquele almoço, cheguei à inevitável conclusão que provavelmente teria ganho mais se tivesse sido mais comedido, se jogasse à defesa, se tivesse mantido algumas cartas na manga para as poder lançar quando melhor me conviesse. Mas, sinceramente, já não tenho idade nem pachorra para isso. Se nunca tive grande apetite para esse tipo de joguinhos, apercebo-me que à medida que a idade vai passando, me sinto cada vez menos disponível para esse tipo de fitas. Claro que tento sempre evitar o ridículo - às vezes sem o conseguir - tento sempre ter algum juízo, porque apesar de me sentir em família, não é propriamente a casa da mãe joana. Mas estou já uma fase da vida em que prefiro, de longe, ser aceite ou não pelo que sou, que investir no que gostaria que fosse, e muito menos no que os outros gostariam que eu fosse.

Principalmente no meio do nevoeiro.

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