Quando estava a pensar se me casaria ou não, estava aterrado com a possibilidade da monotonia. Impressionava-me muito saber que iria acordar todos os dias junto da mesma pessoa, ter as mesmas conversas, retomar as mesmas discussões e não sabia se era isso o que eu queria. Sabia, sim, é que a decisão seria definitiva, que nunca fui homem de biscates.
Casar é tudo menos monótono. Não é fácil, não é um passeio no parque, tem muitas alturas com pouca luz, com poucas certezas, com rara clarividência. Discute-se muito, batalha-se muito, recomeça-se muito, e às tantas questionamo-nos o que tudo isto tem a ver com as relações softs e perfeitas das comédias românticas.
Mas depois acordamos e adormecemos, dia após dia, noite após noite, e percebemos que a nossa história de vida é já uma vida plena de histórias. E que, sem o nós, a nossa vida seria incomensuravelmente mais pobre, mais vazia, mais cheia de coisa nenhuma. E não me refiro sequer aos nossos filhos mas a nós mesmos, enquanto duas pessoas que, por amor, escolheram partilhar o mesmo destino.
Conversava ontem com uma amiga que me dizia que nem todos têm a sorte que eu tive. É possível. Porque eu tive mesmo muita sorte. Mas acredito que a sorte aconteceu quando Deus, brincando com a nossa história pessoal, contra todas as probabilidades, colocou a Isabel no meu caminho. E acredito que muito do que tem acontecido depois, aconteceu porque nós temos mantido Deus no nosso caminho. E isso, acreditem, faz toda a diferença.

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