Ontem tive encontro do Navegar. Ao longo da minha vida estive na génese de vários grupos de jovens. O Boa Nova, onde me iniciei nestas lides, depois o JUP, que foi a minha escola de fé e de vida e, mais tarde, já no papel de orientador mor, o Navegar e o RH+, aos quais se junta, agora, o ComTigo. Já este ano tivemos o encontro do JUP, ontem foi o do Navegar. Em ambos a mesma saudade, as mesmas recordações de outros tempos em que eramos mais novos, mais magros, mais livres, mais sonhadores. Em ambos, o mesmo desejo latente de recuar no tempo e de o imobilizar. O mesmo propósito de "vamos voltar a fazer isto", como se alguma vez fosse possível fazermos as coisas como as fazíamos antes, como se não tivesse passado já tanta água debaixo das pontes, como se não fossemos nós já outros, completamente outros, porque viver a vida muda-nos, como deve ser. E em ambos, como confessei ontem à noite em casa, o mesmo desconforto.
Basta ter muita gente à minha volta para me sentir desconfortável. Então se toda essa gente de organizar para prestar algo remotamente parecido com uma homenagem a nós próprios e o desconforto aumenta exponencialmente. Eu não acredito que a vida seja repetível. Eu não quero que a vida seja repetível. Eu já fui e fiz tanta coisa depois desse nós que não quero que esse nós volte, nas condições em que ele existiu. Em todos os grupos de jovens que estive, estive como na vida: empenhamento total, compromisso total, exclusividade voluntária. enquanto estava lá estava apenas lá, pensava apenas neles e vivia esses momentos com uma intensidade incrível. Excetuando o JUP, no qual eu era apenas um como todos, em todos os outros grupos, a determinada altura comecei a sentir uma dependência excessiva, como se eu fosse fundamental, e que isso desvirtuava o grupo. Por isso, em todos eles eu senti, a determinada altura, que era tempo de os fazer caminhar sozinhos, de os deixar para que eles pudessem ser, sem mim, mas ligando-se àquele que verdadeiramente importa. Em todos eles eu deixei, por isso, um certo amargo de boca. Uns ultrapassaram isso, outros nem tanto, e volta e meia pedem-me contas. E eu dou.
Os Grupos de Jovens são, por natureza, de jovens. Por isso, acabam e devem acabar, ou então mantêm a identidade mas alteram os seus membros. Porque é suposto que assim seja. Porque não somos jovens toda a vida. Porque, quando as coisas correm bem, passamos a ter outro tipo de compromissos, outro tipo de vontades, outro tipo de disponibilidades. O que não quer dizer que tenhamos andado a enganar ninguém ou a servirmo-nos de quem quer que seja. Quer apenas dizer que fomos jovens quando o devíamos ser, mas que crescemos quando deveríamos ter crescido. Graças a Deus!


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