20140313
Por vezes, descubro-me ridículo. Este ano, como em todos os anos, prometi-me uma quaresma especial. Iria ter paciência, calma, atenção para com os outros, iria jejuar de mim mesmo, abster-me de mim para me voltar para os que acompanham o meu quotidiano. Ridícula, esta minha pretensão de me tronar especialmente digno aos olhos de Deus. Logo nos primeiros dias o meu compromisso foi posto à prova. E esquecido. As promessas cumprem-se na dificuldade, e, na dificuldade, voltei a ser eu mesmo, não me consegui sobrepor a mim próprio.
Não sou ridículo quando pretendo ser mais. É o que o meu Deus me pede, que me ultrapasse, que vá para além dos limites que eu julgo serem os meus. Por isso é que Ele vai colocando pessoas muito especiais na minha vida, que confiam em mim, que me desafiam, que me levam a percorrer caminhos que nunca seriam os meus. No entanto, sou ridículo quando pretendo jogar com Deus, trocar promessas, catapultar-me para ficar mais bem visto aos olhos d'Ele, esquecendo-me que ele me conhece bem melhor que eu próprio, que antecipa os meus passos e perscruta o meu coração.
Esta consciencialização de mim próprio, das minhas limitações, acontece-me, invariavelmente, em todas as quaresmas. É a minha Quaresma. É a minha constatação, na vida vivida, da minha pequenez. Todos os anos prometo e todos os anos deixo por cumprir. E redescubro o meu lugar.
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Bambora
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