"Só para te informar que quando se escreve oração no google apareces na primeira página". Olhei para a mensagem da minha filha e ri-me. "Vá lá. Podia ser por piores motivos." respondi-lhe. Descontando o facto de, aparentemente, a minha filha desconhecer o que são os cookies da google, que fazem com que as nossas pesquisas sejam personalizadas - originando que a sua primeira página seja diferente da de qualquer outro - não pude deixar de sentir um pequeno orgulho. A primeira coisa que me vem à cabeça nestes momentos é "nada mau para um puto do bairro". Esta é uma marca que me acompanha sempre, e que, curiosamente, apenas depois de Ramalde consegui pacificar em mim. Desta vez, no entanto, também fiquei feliz. O facto de a minha filha ver associado o meu nome à oração, apesar de eu não fazer a mínima ideia de como isso aconteceu, é daquelas coisas que poderão falar mais alto do que qualquer palavra que eu possa dizer.
É verdade que a oração faz parte, mais que do meu quotidiano, de mim próprio. Não são muitas as rotinas de oração que eu tenho - às refeições e ao deitar, basicamente - mas, ao longo do decorrer dos dias, são muitas as alturas em que dou Graças pelo que vou vendo e sentindo. Tenho montes de motivos para o fazer, particularmente aquelas pequenas coisas aparentemente sem importância nenhuma mas dão um colorido muito importante à minha vida. Pequenos gestos, pequenas atitudes, pequenos sorrisos, alguém que eu encontro no corredor ou na rua, até pensar em alguém que me traz boas recordações, tudo isso são motivos para dar Graças pelo dom da vida.
O facto de ser sempre um puto do bairro permite-me estar ligado à terra. O facto de apreciar quem tenho à minha volta permite-me estar ligado ao melhor que Deus escolheu para mim. O primeiro é mera circunstância, o segundo é pura gratuidade de quem me ama. E me deixa perceber o que é ser amado.

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