Hoje quase almoçava sozinho. Não consegui. Quando estou assim, quando não me recomendo, uma amiga gosta de me provocar e pergunta-me se estou no meu momento autista. Sorrio. Sorrio apenas. Nestes dias a última coisa que me apetece é estar a justificar o que quer que seja. Nestes dias tenho a sensação que lambo feridas. E só me apetecia estar assim, num qualquer canto escuro, só completamente só, deliciosamente só, até que a tristeza passe.

Nem sempre há um motivo palpável para esta tristeza. É um misto de sensação de perda com necessidade premente de recolhimento. Que acontece quando sinto que estou a perder (me?) ou naquele momento de distensão que acontece logo a seguir a uma tarefa que exigiu muito de mim. Ou as duas coisas, que andam muitas vezes de mãos dadas. Como se a respiração tivesse estado sustida uns dias e precisasse agora de encher de novo os pulmões. Quando estou assim, quando não me recomendo e me refugio, uma amiga gosta de me provocar e diz-e que eu gosto é de ser resgatado. Talvez. Não faço a mínima ideia. E hoje não me apetece nada estar a pensar nisso. Apetece-e apenas e só ficar assim. Só. Completamente só. Deliciosamente só. A lamber feridas até que esta tristeza passe.

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