Eu penso na morte. Na minha morte. No que quero que façam ao meu corpo, não que considere o meu corpo algo de muito importante mas sobretudo porque considero a memória algo de muito importante. Não tenho o culto dos mortos. Não tenho o hábito de ir ao cemitério visitar aqueles que amei e que já lá estão, Não sinto essa necessidade. Recordo-os muitas vezes nas mais diversas situações, rezo-lhes algumas (não por eles, que estão junto do Pai, mas a eles, que estão junto do Pai) porque acredito que possuem agora a clarividência que nunca temos por aqui e porque acredito que me amam e ma poderão, de alguma forma, transmitir. Dificilmente o faria num cemitério que, por muito que me digam o contrário, é um lugar de mortos. E de morte.
Fiquei apreensivo esta semana ao ler a Instrução da Congregação para a Doutrina da Fé. Não, eu não sou o tipo de católico que segue à risca as orientações da Igreja; Sim, eu sou o tipo de católico que está atento ao que a Igreja proclama e defende. E para mim é importante o que a Igreja proclama e defende. Mas não é absoluto. O que faço, normalmente, é ler, estudar, refletir, comparar com a minha vida e aquilo em que acredito - muito do qual a partir do evangelho - e depois, assumir como meu aquilo que é verdadeiramente meu. Foi o que eu fiz coma  Instrução. É o que tenho andado a fazer com a Instrução. Porque há muitos anos que quero ser cremado. Porque há alguns anos quero que as minhas cinzas sejam espalhadas pelos dois lugares aos quais pertenço: a minha cidade, o Porto; e Taizé. E esta Instrução veio agora trocar-me as voltas.

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