Uma das minhas maiores lamentações é a minha incapacidade de aprender de uma vez para sempre. Eu ainda gosto de acreditar na minha capacidade de aprender. De estar atento ao que se passa à minha volta e disso tirar as lições necessárias, venham elas de onde vierem, porque a vida ensinou-me que as maiores verdades são-nos oferecidas pelas pessoas e momentos mais inesperados. No entanto, enredado no quotidiano, facilmente me esqueço delas.
No último dia de reflexão que tive com uma turma do 9º ano, a partilha do Bom Samaritano conduziu-nos à questão da não violência. O que levará alguém a não reagir? O que levou Jesus a não se defender das acusações que Lhe levantaram? O que teria levado Gandhi a persistir naquela não violência tão gritantemente silenciosa? E aquela imagem do homem, sozinho, desarmado, diante dos tanques de Tiananmen, permanece na memória de todos nós, os que assistíamos a milhares de quilómetros de distância. 
De todas as filmagens referentes aos campos de extermínio dos judeus a que assisti, as que sempre me inquietaram ao ponto do desespero foram as cenas de multidões de judeus a serem levados para os campos de concertação, como cordeiros, em fila, sem que alguém se revoltasse a sério. Seria cobardia? Seria rendição? Seria ignorância do que os esperava? Como é que alguém, a pretexto seja do que for, permite que aqueles que ama sejam arrastados daquela maneira para o cadafalso? O que se passará na cabeça de alguém para que se permita espezinhar daquela forma?
No dia de reflexão chegamos à conclusão que a não violência é o caminho dos fortes. Daqueles que não se esgotam no imediato, no hoje, aqui e agora, mas que vêm mais longe, ainda que a custo de si próprios. Daqueles que escolhem viver a vida com os olhos postos no futuro, não o do amanhã, mas o outro, o que é eterno, e o que verdadeiramente importa. Daí a serenidade do seu olhar. Porque sabem que estamos todos de passagem.

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