Tenho andado às voltas com as orações dos Dias de Reflexão.
No início, ingenuamente, acreditei que todos os miúdos que tinha diante de mim sabiam do que eu estava a falar. Afinal, estávamos num colégio católico e eu assumi, à partida, que todos o eram ou que, pelo menos, o eram as suas famílias. Naquela altura - já lá vão mais de meia dúzia de anos - fiquei espantado quando percebi que alguns não tinham qualquer noção das parábolas e do que elas implicam na nossa vida. Rapidamente formulei o meu esquema e o meu discurso e adaptei-me às circunstâncias. Apercebi-me então que o jogo de cintura que os anos todos de catequese juvenil me deram revelaram-se fundamentais. Acredito cada vez mais que não há experiência de vida que, mais cedo ou mais tarde, não tenha a sua utilidade.
Este ano, até porque iniciamos uma nova abordagem, as orações continuam a preocupar-me. Como havemos de chegar àqueles que temos diante de nós. Que volta havemos de dar para não desvirtuar a profundidade e a riqueza da Palavra tornando-a, ao mesmo tempo, relevante para cada um deles? Temos uma comunidade - a turma - temos a partilha da experiência - que ao longo de todo o dia é iluminada pela Palavra e pela imagem - importa agora dar sentido a tudo isso. E pareceu-me que  a melhor forma de o fazer seria justamente colocar tudo isso em cima da mesa. Pegamos em tudo o que ouvimos, naquilo que fomos sentindo, nas (re)descobertas que fomos fazendo ao longo do dia e colocamos em cima daquela mesa - para quem não tem fé - em cima daquele altar, para quem a tem ou anda à procura dela.  E fazemos um pedido: hoje e no futuro, quando chegarem a casa, quando tiverem a vossa família, repitam este gesto, esta atitude, de forma simples: coloquem o vosso dia em cima da mesa do jantar e peçam àqueles que vos rodeiam que também o façam. Acredito que dessa forma se colocarão nas mãos uns dos outros e serão mais felizes. Haverá alturas em que não será fácil, mas descobrirão que o amor é bem mais presente do que suspeitavam. E descobrindo-o, cedo ou tarde descobrirão também que estão bem mais perto de Deus do que suspeitavam.
Nessa altura, a terra estará fértil.

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