"O próximo é aquele que cuida das feridas". Surgiu assim, do aparentemente nada, e fez-se luz: "o próximo é aquele que cuida das feridas". No clique que se deu cá por dentro, liguei instantaneamente ao que tenho sido nestes últimos tempos. E percebi imediatamente que tenho dado uma série de tiros ao lado. "porquê?" Apesar de não me ter em grande conta em muitas coisas, sei que penso a vida, sei que me preocupo em olhar e ver o que se passa à minha volta, em confrontar o que vou dizendo e sentindo e fazendo com aquilo que me é pedido que diga, sinta e faça. Sei, por isso, que nestes últimos tempos havia sempre algumas pontas soltas que me dificultavam a tranquilidade e me impediam o sossego. Olhava, olhava e voltava a olhar, e não conseguia encontrar o motivo. Só me podia ser externo, por isso. "O próximo é aquele que cuida das feridas." Não era externo. Era uma questão de olhar, de direcionar o meu olhar, de ver o que deveria ver e não aquilo que desejava ver. era uma questão de me deixar interpelar e mover por uma realidade que sei que existe, está lá, mas que eu preferia mil vezes que não existisse. Porque sei o que vai implicar. Agora que vi, efetivamente, acabaram-se as desculpas e lá vou eu ter que mergulhar e arranjar forma de colar a sarna que, inevitavelmente, aí vem. Apenas porque descobri que eu não estava a curar feridas, estava a abrir feridas, não estava a fazer parte da solução mas do problema, estava refastelado, comodamente sentado no que queria ver e sentir, em vez de abrir os olhos para o que se passava à minha volta.

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