Há, na forma como a Igreja aconselha a viver a fé, algumas coisas que contesto vivamente. No entanto há outras profundamente sábias. Ainda esta semana numa das orações em que estive presente um sacerdote falava da necessidade de, antes de participarmos, nos reconciliarmos com quem estamos às bolandas sob pena de não termos sossego.
Este ano em Taizé caí na tentação de me confessar. Fiz mal. Nessa confissão não existiu nada que me mudasse, que me remodelasse, que me catapultasse para uma nova vida, para um novo eu. Na altura até houve um certo lampejo, mais motivado pela minha vontade que pelo ato em si. Mais uma vez confirmei que, ou eu não funciono bem com a confissão ou a confissão não funciona bem comigo. Ou um pouco das duas.
No entanto, depois de vir de Taizé, tive já uma experiência fundadora e profundamente gratificante de perdão. Perdão mesmo. Daquele que nos permite libertar de uma culpa interior, profunda, que nos rouba a nós próprios e à nossa capacidade de sermos felizes. Uma experiência que resulta de uma mistura intensíssima de amor, sabedoria e bondade, de quem ama ao ponto de conseguir ultrapassar a própria dor. Uma profunda, gratificante e revigoradora experiência de perdão. Ou melhor, de me sentir (quase) perdoado (quase porque há uma importante percentagem da culpa que apenas depende de mim sentir perdoada e isso é muitíssimo mais complicado. E demorado!).
Na realidade Jesus não disse para nos irmos confessar antes de participarmos numa oração. Disse para nos reconciliarmos, concretamente, com pessoas concretas, com gestos e atitudes concretos de conversão. Eu seu que há no pecado individual uma dimensão comunitária que é também importante. Mas nada substitui o consolo de quem tinha todos os motivos para se revoltar contra mim. Nada substitui essa sensação de se renascer depois de se ter morrido na vida de quem se ama.

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