Eu tenho, naturalmente, várias personagens bíblicas favoritas. Job, Isaías, o centurião, Pedro, o bom ladrão. Algumas delas, como o centurião, representam o que eu gostaria de ser. Outras, como eu me identifico em determinadas alturas da minha vida. No entanto, como pano de fundo da esperança, tenho sempre o bom ladrão como referência. Aquele "hoje mesmo estarás comigo no paraíso" foi - é? - muitas vezes a único depósito de confiança, a minha única réstia de esperança.
Talvez por isso procure tanto. Talvez por isso tenha esta maneira de olhar os outros nos seus olhos, vendo para lá dos seus olhos, descobrindo quem está para além do que todos aparentamos ser. Talvez seja este desejo meio incontido, quase inconsciente, de tentar descortinar em cada um daqueles que se cruza comigo aquele que me diga que hoje mesmo estarei no paraíso.
Ontem na catequese - que escola é para mim dar catequese a miúdos! - falavamos justamente desse paraíso, desse reino de Deus que todos os dias somos chamados a construir. Eu, que tenho sido um fraco construtor do reino, talvez ande permanentemente à procura dessa réstia de salvação, dessa possibilidade de encontro com aquele que me possa resgatar das profundezas de mim mesmo, ainda que no meu último suspiro. Por vezes, agarro-me a isso como se fosse tudo o que me resta.
Algumas vezes é.

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