Ainda ontem, quando alguém que não faço a mínima ideia onde está - maravilhas da tecnologia! - me perguntava como estou eu respondi "Á procura, como sempre. A tentar caminhar, como sempre!" e quando lhe disse que tinha chegado de Taizé respondeu-me "eu sei quem tu és".
Haja alguém que o saiba!
Recordei, em Taizé, duas das minhas "teologias" preferidas: a do paradoxo e a do provisório. A conversa by sms de ontem, recordou-me justamente a minha descoberta da teologia do paradoxo. Como acontece sempre que me querem desinquietar, comecei por estrebuchar e me agarrar às minhas próprias convicções e ideias e só mais tarde, muito mais tarde, aquela conversa começou a conquistar o seu lugar e sentido dentro de mim. Curiosamente - ou não, não há coincidências! - estes últimos tempos têm sido de um enorme e tremendo paradoxo na minha vida. O sol na eira e chuva no nabal, que eu tanto apregoava - esta minha mania de cuspir para o ar tem que acabar! - assenta em mim como uma luva neste exato momento, em que eu ando num tem-te não caias que parece nunca mais ter fim. Se há altura em que vivo o paradoxo é justamente esta, e isso liga-me à dinâmica do provisório, do Ir. Roger.
Desde sempre tive a firme convicção que aos 50 seria velhote. Bom, velhote, velhote, talvez não, mas que estaria minimamente resolvido. Teria a minha vida completamente definida, com os meus horizontes bem traçados, bem claros, e limitar-me-ia agora a gerir o meu tempo, a minha paisagem, a saborear as conquistas que, com a Graça de Deus, nem foram assim tão poucas quanto isso. Não me passava pela cabeça que as convulsões internas seriam insaciáveis, que a vontade de ser mais e ir sempre mais além nunca fica satisfeita, que faz parte deste desejo interior e profundo de encontrar sentido o não acomodar, o inquietar, o perturbar, devidamente acompanhado com um permanente sentimento de perda e de culpa e total ausência de uma serenidade que não seja fugidia... e fugaz.
A vida, com a sua imensa sabedoria, levou-me a perceber que aquilo que me é verdadeiramente importante cabe com facilidade numa mochila ainda mais pequena que a que levo a Santiago. Que se hoje mudasse de casa, de país, de continente, iria de saco vazio, peito cheio e alma a transbordar. E que - o paradoxo! - provavelmente seria nesse largar tudo que tudo conquistaria.
A começar por mim próprio!
Já só me falta a coragem de avançar!

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