Quando me encontro a sério com Deus sou uma pessoa melhor. Sempre! Pode ser por muito tempo, pouco tempo, tempo quase nenhum, mas sempre que esse encontro íntimo acontece, em mim, é verdadeiramente transformador. Fornece-me sonhos, alimenta-me projetos, revela-me futuros possíveis alcançáveis e desejáveis e todo eu sou impulso e motor e vontade de começar. É particularmente nessas alturas que consigo ser luz para os que me rodeiam, de tal modo mergulho na intensidade do amor que esse encontro despoleta em mim. É frequente, nessas alturas e nesses locais, falarem-me dessa luz que eu aparentemente sou. E, com a mesma frequência, eu tendo a acreditar.
No entanto, a grande questão de fundo da minha vida  nunca teve a ver com intensidade. Eu sou intenso em tudo o que faço, intensíssimo em tudo o que sinto. Abomino a superficialidade, nem que seja a da pele, e desejo sempre ir mais além, onde reside - e descubro muitas vezes - o que verdadeiramente importa. Em mim e nos que me rodeiam. Também porque gosto das palavras e normalmente não tenho medo delas e do seu significado profundo, também por aí dou largas à intensidade que me habita e transbordo e, ocasionalmente, faço transbordar. Não é essa a questão, portanto. Não a minha questão.
A minha questão é que não é apenas Deus quem me habita. A minha questão é que antes de Ele chegar à minha vida, antes de eu O reconhecer cá por dentro, eu já era habitado. Pelas minhas fantasias, pelos meus cavaleiros da triste figura, pelos meus sonhos e devaneios, pelas minhas sombras e fantasmas. E ambos coexistem, às vezes de forma muito pouco pacífica. Luz e sombras, esperanças e medos, ilusões e desilusões, partilham os meus espaços interiores, com o mesmo direito, a mesma autoridade, a mesma necessidade de vir ao de cima,.. e o mesmo direito.
E aí é que a porca torce o rabo!

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