Tenho andado bastante à volta do Toma Halik e da sua teologia do paradoxo. Nunca sei ao certo se o que leio influencia o que vou vivendo ou se os livros me caem no colo consoante as minhas necessidades interiores. Talvez seja um pouco dos dois. Talvez os livros sejam como as pessoas: vão aparecendo na vida, (des)construindo-nos, e seguindo viagem. O que interessa, na realidade, é justamente essa leitura que é feita e nos permite, em dado momento, interpretar o que nos vai acontecendo e, com sorte, descobrir nisso um sentido.
No conjunto de paradoxos onde tenho vivido nos últimos tempos, os sentimentos e as emoções têm-se situado algures à flor da pele. Demasiado à flor da pele, para os meus gostos! De turbilhão em turbilhão, de decisão em decisão, de pancada em pancada, vou tateando cada passo como um cego que percorre caminhos novos. Efetivamente novos. Tateando, tropeçando, caindo, levantando e sendo levantado, numa sucessão de batalhas que por vezes parecem não ter fim. É a Quaresma no seu melhor.
Ontem, no entanto, experimentei a teologia do paradoxo. Senti como o desespero pode dar lugar à gratidão e a gratidão é o caminho para que se possa atingir alguma paz. Há algumas culpas que me são verdadeiramente insuportáveis, ao ponto de me tolherem os dias e roubar o sossego. A culpa de conspurcar algo que é belo, que foi sendo construído com toda a verdade, alma e coração rouba-me. Tudo. O sossego, a paz interior, a vida. Uma culpa que apenas pode ser suavizada pelo perdão. O paradoxo é que por maior que seja a culpa, o mais pequeno vislumbre de perdão é recebido como a maior das Graças. E a maior das gratidões!

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