Estou com um problema. E o Papa Francisco ontem não me ajudou em nada. Tenho que escrever um artigo sobre Fátima para o jornal da minha paróquia e, se andava às voltas com isso na cabeça, ontem a coisa complicou-se um pouco.
Não lido muito bem com esta coisa dos milagres. Então se os milagres forem espetaculares, mais dificuldade tenho! Lembro-me logo que Jesus, depois de os operar, pedia para não contar a ninguém. E que, enquanto Ele pretendia que os milagres ficassem ocultos dos olhares da multidão, privilegiava estes olhares nas suas atitudes e gestos simples da edificação do Reino. Como se recusasse os passos de "mágica" e se concentrasse naquilo que está ao alcance de todos.
eApesar de gostar muito mais de Maria como Mãe atenta e cuidadora, eu gosto de Fátima. Que, como em muitas coisas importantes na minha vida, sinto como um paradoxo. Gosto muito da forma como me sinto no recinto, como rezo lá, como me entrego à Mãe. E como me sinto acolhido por Ela. Fátima é como uma das minhas casas da Fé. Tenho outras, com Taizé à cabeça, mas Fátima é também a minha casa. E isto para mim é o mais importante de Fátima. Por isso faço um esforço por deixar para segundo plano as histórias dos milagres e o comércio e o mau gosto das redondezas e a confusão e até o cumprimento doloroso das promessas, que me custaram sempre muito a entender e tive que aprender a respeitar.
Não precisava nada que o Papa dissesse que os pastorinhos são santos e prescindiria com muito agrado desse lado folclórico das aparições em nome da discrição da partilha da fé em comunidade.
Sim, eu sei. Se não existissem as aparições não existiria Fátima como ela é, E se não tivessem existido os milagres, Cova da Iria seria apenas mais um lugar entre tantos ignorados no mapa.
Pois. eu avisei.
Fátima é um paradoxo.
Como tantas coisas na minha fé.
E na minha vida!

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