Ontem, finalmente, acabaram as desculpas, as fugas, as justificações esdrúxulas e lá conseguimos sentar-nos, olhos nos olhos, e conversar. Evitavas-me fazia tempo, muito tempo, e eu sabia que nos fazíamos falta. E estavas no teu melhor! Esquiva, de olhar fugidio, querendo evitar a todo o custo tudo o que não fosse conversa para encher chouriços. Sabias muito bem que não era disso que ambos tínhamos saudade, sabias muito bem que o "continuo à tua espera" pedia, exigia, bem mais que conversas banais sobre o tempo e o calor esquisito que faz em Outubro, e no entanto, o teu primeiro instinto fez justiça ao que és: esguia e fugidia. Ok. Acusei o toque e falamos dos outros, depois falamos de mim e dos meus, com a conversa de circunstância de quem esteve muito tempo sem se estar, sabendo ambos que as oportunidades raras, como esta, são exigentes e não toleram desperdícios. Finalmente lá conseguimos comunicar, a sério, sem nos limitarmos aos arranhões superficiais cujas marcas permanecem apenas por algumas horas. Como sempre, fizeste-me dizer mais do que devia e muito mais do que queria. Mas desta vez também escutei, também tive algo para escutar, e sei que muito dificilmente poderei aspirar a mais do que tive, ontem. Não tem mal. Contrariamente ao que pensavas - sim, eu recordo-o perfeitamente! - não estamos cá apenas para os próximos quinze dias, mas temos tempo, muito tempo. Assim o queiramos. E assim eu não te permita, em demasia, as desculpas, as fugas e as justificações esdrúxulas.

Ao chegar a casa, à noite, li que a saudade, por vezes, tem nome. Sorri. Não haveria melhor forma de terminar o dia.

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