A determinada altura falou no Campo de Concentração do Eu. Porque aprisiona, porque limita, porque dita as regras em que nós próprios somos demasiado lestos a encarcerar-nos. Voluntariamente, por vezes até alegremente, pensando que podemos viver a vida em serviços mínimos. Eu sorri cá por dentro porque este tinha sido, justamente, um encontro nacional de desencarceramento. Não por vontade própria, que eu faço parte dessa enorme multidão silenciosa que gosta do seu canto, mas porque teve que ser. Nunca tinha tido que pensar na decoração de um altar - com a minha proverbial falta de sentido estético - nunca tinha tido que combinar com o padre as leituras e os cânticos que escolhêramos, nunca tinha tido que assumir, tão claramente, a direção dos cânticos e do ritmo da eucaristia com miúdos que, embora já conhecendo, não me deixam ainda particularmente à vontade. E nunca tinha tido que fazer nada disto porque noutras alturas outros o fizeram e permitiram-me os bastidores, que nestas coisas são o meu lugar por excelência.
Como me disseram no final, fizemos grandes coisas juntos. E juntos crescemos mais um bom pedaço nestes dois dias.
Foi premonitória a decisão do início deste ano. Ver com outros olhos permite observar toda uma série de novidades, permite alargar expectativas e deixar que o estar com, o caminhar com, o viver com, ainda nos consigam surpreender. Permite que os patamares que, estupidamente ou não, existem à partida, continuem a desvanecer-se, apesar de tudo o que nos envolve. Permite, fundamentalmente, que o caminho que fazemos juntos seja sempre novo porque nunca sabemos bem o que estará depois daquela curva.
Louvei muito a Deus, este fim de semana. Pelo que pude crescer, pelo que pude ver e sentir, pelo que pude desmontar de ideias feitas e preconcebidas. Nem que fosse só por isso - e não foi, foi por muito mais - já teria valido a pena.

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